Conheci a expressão "formadores de opinião", quando adentrei portas de partido legalizado, o antigo MDB na década de 80. A preocupação era conquistar os formadores de opinião. Se quiser, caro leitor, ter um conceito tradicional de "formadores de opinião", clique aqui, e leia uma definição.
Formador de opinião é o sujeito sabido que faz a cabeça do burrinho, do coitadinho. Vamos dizer que exista isso, principalmente numa sociedade onde a cidadania seja rala, mas atualmente, com tanta informação disponível, as contradições ficam mais expostas, permitindo ao cidadão formar a sua própria opinião, sem ser piolho, que vai pela cabeça dos outros.
Os "doutores" (sinônimo de sabidos) já manipularam muito neste país. Leia abaixo artigo de Luís Nassif sobre o governo de Jango Goulart.
Atualmente, se houvesse "formadores de opinião", Lula não teria sido reeleito e nem Dilma seria presidenta da República. A maior mágoa dos políticos conservadores é que os mais pobres aprenderam a gostar do PT, porque descobriram que nos governos petistas conseguem mais vantagens, a base da pirâmide social participa mais, tem vez.
Segundo o Ibope, Janto teria sido reeleito em 65
Por Luis Nassif, no GGN (31/12/2013)
A primeira vez que ouvi falar nas pesquisas do Ibope sobre o
governo Jango foi em um congresso da Wapor (a associação latino-americana de
pesquisas de opinião) em Belo Horizonte. Participei de um debate sobre o novo
papel dos blogs junto à opinião pública. Um dos papers apresentados mencionava
dados gerais da pesquisa, localizada nos arquivos que o Ibope doou à Unicamp.
Nesta semana, na Carta Capital, há uma entrevista de Rodrigo
Martins com o historiador Luiz Antônio Dias sobre as pesquisas. Os números são
impressionantes:
· Em junho de 1963, Jango era aprovado por 66% da população
de São Paulo, desempenho superior ao do governador Adhemar de Barros (59%) e do
prefeito Prestes Maia (38%).
· Pesquisa de março de 1964 revela que, caso fosse candidato
no ano seguinte, Goulart teria mais da metade das intenções de voto na maioria
das capitais pesquisadas. Apenas em Fortaleza e Belo Horizonte, Juscelino
Kubitschek tinha percentuais maiores
· Havia amplo apoio à reforma agrária, com um índice
superior a 70% em algumas capitais.
· Pesquisa na semana anterior ao golpe, realizada em São
Paulo a pedido da Fecomercio, apontava que 72% da população aprovava o governo
Jango.
· Entre os mais pobres a popularidade alcançava 86%.
· 55% dos paulistanos consideravam as medidas anunciadas por
Goulart no Comício da Central do Brasil, em 13 de março, como de real interesse
para o povo.
· Entre as classes A e B, a rejeição a Goulart era um pouco
maior em 1964. Ao menos 27% avaliavam o governo como ruim ou péssimo na capital
paulista.
***
É o mais contundente documento até agora divulgado sobre o
desproporcional poder político dos grupos de mídia na democracia brasileira e
latino-americana no século 20.
Quase todas as ditaduras latino-americanas foram
implementadas por meio de golpes de Estado legitimados por um suposto apoio da
opinião pública. E esse apoio era medido exclusivamente pelo volume de notícias
veiculados nos grupos de mídia, e pela mobilização que conseguiam em algumas
classes sociais. Um enorme espectro da opinião pública passava ao largo desse
jogo restrito.
***
Depois da redemocratização, houve vários golpes de Estado
institucionalizados no continente, não apenas contra governos ditos de esquerda
– como o fracassado golpe contra o venezuelano Hugo Chávez – como contra
governos tidos como de direita – Fernando Collor, no Brasil, Carlos Andrés
Perez, na Venezuela.
Em todos os episódios, juntavam-se interesses contrariados
de grupos políticos e de grupos de mídia. Levantavam-se denúncias sólidas ou
meros factoides, criava-se a atoarda, passando a sensação de que a maioria da
opinião pública desejava a queda do governante.
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Formador de opinião é o sujeito sabido que faz a cabeça do burrinho, do coitadinho. Vamos dizer que exista isso, principalmente numa sociedade onde a cidadania seja rala, mas atualmente, com tanta informação disponível, as contradições ficam mais expostas, permitindo ao cidadão formar a sua própria opinião, sem ser piolho, que vai pela cabeça dos outros.
Os "doutores" (sinônimo de sabidos) já manipularam muito neste país. Leia abaixo artigo de Luís Nassif sobre o governo de Jango Goulart.
Atualmente, se houvesse "formadores de opinião", Lula não teria sido reeleito e nem Dilma seria presidenta da República. A maior mágoa dos políticos conservadores é que os mais pobres aprenderam a gostar do PT, porque descobriram que nos governos petistas conseguem mais vantagens, a base da pirâmide social participa mais, tem vez.
Segundo o Ibope, Janto teria sido reeleito em 65
Por Luis Nassif, no GGN (31/12/2013)
Segundo o Ibope, Jango teria sido reeleito em 65″
O ponto mais relevante das pesquisas do Ibope é mostrar que
a chamada opinião pública midiática sempre foi um segmento minoritário indo a
reboque de uma aliança que incluíam os grupos de mídia, alguns partidos
conservadores e alguns interesses do grande capital.
Esse modelo, que domina o debate econômico e político em todo
século 20, chega ao fim com o advento das redes sociais.
LER MAIS SOBRE O ASSUNTO, CLICANDO AQUI.
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