Na quadra da escola de samba Caprichosos, prefeito Cido Sério inflama os carnavalescos para que 2014 seja o melhor carnaval |
Hélio Consolaro*
Amanhã, 2 de março de
2014, teremos o primeiro dia de desfile das escolas de samba do carnaval de Araçatuba.
O recinto de exposições
Clibas de Almeida Prado se transformará nesses dois dias de um carnaval tardio
em 2014, março, em vez de fevereiro, no sambódromo, com arquibancadas e muita
segurança.
Nesta semana que se finda,
acompanhei o prefeito Cido Sério (PT) nas visitas oficiais a escolas de sambas
de Araçatuba, cinco ao todo. A visita de cordialidade faz parte de uma tradição
araçatubense, como se o prefeito fosse ver se está tudo pronto para o carnaval.
Neste ano, Araçatuba terá
mais uma escola no sambódromo: Acadêmicos dos Araçás, presidida por Sandra
Lima, figura conhecida do carnaval araçatubense. A agremiação está com sede no
bairro Alvorada, no centro comunitário.
Na visita do prefeito Cido
Sério à escola, como estreante, houve o batismo da bandeira “verde rosa”
com presença de mãe-de-santo e outras figuras do candomblé. Tanto o carnaval
como o samba são derivativos da cultura africana, vinda com os escravos. Na
convivência entre as religiões da África e o catolicismo, formou-se por aqui um
sincretismo (mistura) religioso católico, enquanto, nos Estados Unidos, houve o
sincretismo de caráter evangélico.
Oscar Faria Ramos, presidente da Assesa, Rosângela (tesoureira da Virada do Sol) e Edilza (esposa do Oscar) na vista à escola |
Assim, no bairro Alvorada,
no batismo da bandeira, depois dos ritos do candomblé, eis que a mãe-de-santo
resolve pedir para que as pessoas rezassem a oração que Ele nos ensinou, ou seja,
uma oração cristã: pai-nosso. Nunca tinha visto com tanta evidência uma
manifestação do sincretismo religioso entre nós como na noite de terça-feira,
26 de fevereiro de 2014.
Reproduzo aqui texto
explicativo de como isso se deu na História do Brasil “...era comum que as
festas dos escravos acontecessem na frente ou ao lado das próprias igrejas
católicas. Essa proximidade com os templos cristãos favoreceu o processo
de sincretismo religioso afro-brasileiro. Vários santos e figuras da Igreja
foram assimilados a divindades e a heróis do panteão africano, criando um
sistema religioso repleto de figuras híbridas até hoje vigente na umbanda
e em outros cultos similares”.
Assim, caro leitor, na
avenida ou no sambódromo, sob o cintilar ouro e prata das roupas
dos sambistas, movimentados pelos ritmos das baterias, "ninguém consegue ficar
indiferente ou reprimir uma energia mágica que sobe pela espinha e se esparrama
por todo o corpo. É o feitiço do samba. Música popular na aparência, oração e
meditação africana na realidade”.
Você, caro leitor, está convidado a viver
essa experiência em Araçatuba, estaremos de braços abertos para recebê-lo, quando desfilarão
no sambódromo Acadêmicos dos Araçás, Caprichosos, Unidos da Zona Leste, Sonho e
Fantasia e Virada do Sol.
*Hélio Consolaro é
professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de
Araçatuba-SP
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