AGENDA CULTURAL

20.3.14

O processo criativo no teatro da vertigem - Araçatuba

OFICINA - Dias  21, 22 e 23/03 - das 14h às 17h,na Casa da Cultura Adelino Brandão, rua Duque de Caxias,29 

O PARAÍSO PERDIDO, vídeo, 21 e 22 de março, 21h

Com este espetáculo a companhia pretende tratar de algumas das mais recorrentes questões metafísicas: a perda do paraíso, sua nostalgia e a consequente busca de um religamento original.

Para tanto nos inspiramos desde os relatos mesopotâmicos da criação, o gênesis bíblico e os textos apócrifos dos livros de Adão e Eva até a obra de John Milton, "O Paraíso Perdido", poema responsável pela origem e articulação deste projeto.
Entendemos que o mito da queda pode ser associado aos sentimentos contemporâneos de decadência e de nostalgia de um padrão superior de existência. Ele retrata a perda da proximidade às origens da natureza humana e o abandono de um contato ideal com o plano divino.

Se a separação inicial é um dado inescapável e instituidor da condição humana, por outro lado somos portadores de uma nostalgia intrínseca e difusa de uma Idade de Ouro, cujo efeito sentimos sob os nomes de melancolia, angústia ou na ansiedade quanto ao modo como vivemos hoje: distanciados de nós mesmos.

Na tentativa de configurar esse ancestral, essa memória da origem, resolvemos lançar mão do universo da infância. Porém com a perspectiva de dar-lhe um tratamento não individual, histórico e psicológico, mas sim mítico e metafórico.
É a infância do Homem e não de um homem específico o que nos interessa.

O LIVRO DE JÓ, vídeo, 21 de março, 20h30, Teatro Castro Alves

O Livro de Jó foi desenvolvido com a perspectiva de aprofundar elementos vivenciados anteriormente e trazer ao núcleo novas diretrizes. Mantendo um processo a partir dos depoimentos pessoais dos atores, o universo temático sofreu uma verticalização nesta montagem. Porém, agora, colocou-se frente a uma dramaturgia mais formalizada trazendo para o grupo o universo da palavra. Se anteriormente a linguagem gestual era a nossa principal expressão das reflexões e vivências, agora a palavra começa a entrar no campo das preocupações; a exploração do movimento coral abre espaço para a construção de personagens; as experimentações corporais sobre as leis da física buscam transformar-se em treinamentos dos estados internos do ator.

Algumas questões se colocam diante de nós repentinamente. E estas questões, na medida em que é difícil manter-nos alheios a elas ou resolvê-las numa esfera estritamente individual, acabam por se tornar o motor da nossa criação artística.

Foi a partir destas constatações/inquietações que surgiu a idéia de encenar este texto bíblico num hospital. Espaço por excelência do "pathos", do sofrimento, da iminência da morte, ele é uma espécie de lugar-tabu, de lugar-purgatório. Ali confinamos a morte, o enfrentamento da morte, e a constatação inapelável da vulnerabilidade e fragilidade humanas.

APOCALIPSE, 1, 11 - vídeo - 22 de março, 18h, teatro Castro Alves

No segundo semestre de 1998 o Teatro da Vertigem se dedicou ao seu próximo projeto: a criação de um texto dramático a partir do texto bíblico O Apocalipse de São João.
Fim dos tempos ou começo de uma nova era?
O final de milênio parece conter ambos os comportamentos: o terror da aniquilação total e a utopia de uma nova civilização. Daí o interesse em investigar esta zona de tensão e ansiedade que ora vivemos, em todas as suas contradições.
Atos terroristas, crimes em massa, guerras étnicas estão na ordem do dia. A violência gratuita, sem causa e justificativa, nos lança na região do absolutamente incompreensível e nos confronta com a questão do Mal. Decadência de valores? Manifestações da Besta Apocalíptica? Ou simplesmente traços característicos, ainda que indesejáveis, da condição humana?
A crença no fim dos tempos parece dizer respeito não apenas à ansiedade provocada por uma data numérica no calendário, mas também a essa nossa própria condição. Aqui, os horizontes individuais e coletivos se interceptam. À percepção subjetiva da passagem do tempo, do envelhecimento e morte que cada um de nós vivencia, mistura-se um sentimento coletivo, uma consciência universal sobre o confronto com a Morte e a transitoriedade. Um final de milênio parece nada mais fazer do que intensificar e ampliar estas percepções.
Esperamos com esta pesquisa, mais do que pintar quadros de salvação ou de destruição, questionar e refletir sobre esta dialética de esperança e terror, presentes nesses anos. E o que talvez este trabalho proponha seja, de fato, um mergulho nesta época de confusão e crise, nesse "tempo de transição" e, em última instância, um confronto com a inevitabilidade dos nossos próprios apocalipses pessoais.
Ao trazer o mito apocalíptico para o espaço do presídio, o Teatro da Vertigem entra em contato com a memória dos excluídos sociais, no confronto turbulento com o imaginário da prisão.

HISTÓRIA DE AMOR, teatro, 22 E 23 de março de 2014, sábado e domingo, 21h, no teatro Castro Alves - Araçatuba


A obra História de Amor (Últimos Capítulos) foi escrita por Jean-Luc Lagarce, dramaturgo contemporâneo francês dos mais encenados na Europa, e que ainda é pouco conhecido no Brasil. Falecido prematuramente aos 39 anos de idade, vítima da Aids, deixou, contudo uma obra bastante prolífica e original. Escreveu mais de vinte e cinco textos, entre os quais se destacam: História de Amor (Últimos Capítulos), Le Pays Lointain; J´étais dans ma maison et j'attendais que la pluie vienne; Nous, les héros; e Apenas o Fim do Mundo.
História de Amor (Últimos Capítulos), escrita em 1991, trata do encontro de um homem e de uma mulher com um outro homem, com quem ambos tiveram uma história de amor. Eles, ao fim desse romance-a-três, o abandonaram para viverem juntos. Esse homem, então, sozinho, escreve, lê, lembra-se da história que os uniu no passado. É a lembrança de uma história, mas também a sua recriação. Trata-se, é claro, do amor entre essas três pessoas, mas também de um amor pela própria escrita, pelo próprio ato de escrever ou de criar e em última instância, pelo próprio teatro. 

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