Hélio Consolaro*
Os problemas de uma cidade são incontáveis, quando se
resolve um, surgem vários. Este é o preço de morarmos amontoados, aglomerados
num só lugar.
Na zona rural, quando Araçatuba tinha lá 90% de seus
habitantes, esparramados em pequenas propriedades, o núcleo urbano era só
comercial, onde o sitiante vinha comprar apenas a parte complementar de suas
necessidades. Nessa realidade, a interdependência era menor, cada um resolvia
seus problemas sozinhos, como podia.
No mundo urbano, um depende do outro, até para morar. O
morador de cima não pode arrastar móveis, por exemplo. No trânsito, qualquer
erro produz consequências desastrosas. A administração pública tenta gerir as
necessidades coletivas, disciplinar comportamentos.
Na praça Olímpica e avenida Fagundes Chagas, funciona de
forma improvisada um centro de formação de condutores
(motoristas). As autoescolas usam os lugares públicos mais amplos para que seus
alunos aprendam as manobras.
As taxas recolhidas pelos aprendizes vão aos cofres do
Estado de São Paulo, nada fica ao município. Legalmente, não cabe ao município
dotar as autoescolas de uma área para essa finalidade.
Como o problema existe e afeta a vida dos munícipes, acaba
sobrando para o prefeito e vereadores resolvê-los. Exemplo disso é o número
elevado de aprendizes andando pelas ruas da cidade. Com o trânsito maluco da
Araçatuba atual, a presença massiva de carros de autoescolas circulando pelas
ruas é um complicador.
Delcir Getúlio Nardo, secretário de Mobilidade Urbana de Araçatuba-SP |
Assim, cada município tenta encontrar um caminho para
resolver esse problema. A solução encontrada por São José de Rio Preto é
bastante viável: criou-se uma associação das autoescolas, a Prefeitura doou uma
área à entidade criada para que construísse a “Cidade do Trânsito”, um grande
espaço para que as instruções práticas sejam dadas sem que os aprendizes usem
as ruas da cidade real.
O problema não é das autoescolas e nem da Prefeitura de
Araçatuba, enquanto o Estado de São Paulo, que recebe todo o dinheiro das taxas
pagas pelos aprendizes nada faz. Nesse jogo de empurra de atribuições de
responsabilidades, o problema continua existindo. Prefeitura que administra o
município e autoescolas que estão nele se veem forçadas a abraçá-lo, buscando
uma solução.
Em Araçatuba, isso se faz necessário.
OBSERVAÇÃO: escrevi
este texto após uma discussão na última reunião do secretariado do prefeito
Cido Sério(PT), colegiado onde se discutem os problemas da cidade. Depois
conversei separadamente com o secretário de Mobilidade Urbana, Delcyr Getúlio
Nardo, delegado de polícia aposentado.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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