AGENDA CULTURAL

2.5.14

Aulas práticas de autoescolas

Hélio Consolaro*

Os problemas de uma cidade são incontáveis, quando se resolve um, surgem vários. Este é o preço de morarmos amontoados, aglomerados num só lugar.
Na zona rural, quando Araçatuba tinha lá 90% de seus habitantes, esparramados em pequenas propriedades, o núcleo urbano era só comercial, onde o sitiante vinha comprar apenas a parte complementar de suas necessidades. Nessa realidade, a interdependência era menor, cada um resolvia seus problemas sozinhos, como podia.

No mundo urbano, um depende do outro, até para morar. O morador de cima não pode arrastar móveis, por exemplo. No trânsito, qualquer erro produz consequências desastrosas. A administração pública tenta gerir as necessidades coletivas, disciplinar comportamentos.

Na praça Olímpica e avenida Fagundes Chagas, funciona de forma improvisada um centro de formação de condutores (motoristas). As autoescolas usam os lugares públicos mais amplos para que seus alunos aprendam as manobras.

As taxas recolhidas pelos aprendizes vão aos cofres do Estado de São Paulo, nada fica ao município. Legalmente, não cabe ao município dotar as autoescolas de uma área para essa finalidade.

Como o problema existe e afeta a vida dos munícipes, acaba sobrando para o prefeito e vereadores resolvê-los. Exemplo disso é o número elevado de aprendizes andando pelas ruas da cidade. Com o trânsito maluco da Araçatuba atual, a presença massiva de carros de autoescolas circulando pelas ruas é um complicador.
Delcir Getúlio Nardo, secretário de Mobilidade Urbana de Araçatuba-SP
Assim, cada município tenta encontrar um caminho para resolver esse problema. A solução encontrada por São José de Rio Preto é bastante viável: criou-se uma associação das autoescolas, a Prefeitura doou uma área à entidade criada para que construísse a “Cidade do Trânsito”, um grande espaço para que as instruções práticas sejam dadas sem que os aprendizes usem as ruas da cidade real. 

O problema não é das autoescolas e nem da Prefeitura de Araçatuba, enquanto o Estado de São Paulo, que recebe todo o dinheiro das taxas pagas pelos aprendizes nada faz. Nesse jogo de empurra de atribuições de responsabilidades, o problema continua existindo. Prefeitura que administra o município e autoescolas que estão nele se veem forçadas a abraçá-lo, buscando uma solução.

Em Araçatuba, isso se faz necessário.

OBSERVAÇÃO: escrevi este texto após uma discussão na última reunião do secretariado do prefeito Cido Sério(PT), colegiado onde se discutem os problemas da cidade. Depois conversei separadamente com o secretário de Mobilidade Urbana, Delcyr Getúlio Nardo, delegado de polícia aposentado.


*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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