Hélio Consolaro*
Em 1990, na época em que o PT de Araçatuba lançava candidatos
apenas para marcar posição ou somar votos para a legenda, fui candidato a
deputado estadual. Consegui amealhar pouco mais de seis mil votos.
Desde aquela época, eu sendo candidato de Araçatuba,
discordava da campanha “Vote em candidato de Araçatuba para deputado”, criada pelo
finado João Jorge Rezek. Eis alguns motivos:
PRIMEIRO: se houver em Araçatuba só candidatos que não
atendam ao seu perfil, caro eleitor, vote em candidato de fora. Pode ser de
Araçatuba, mas ela (ou ele) terá que me convencer de que suas propostas são as
melhores. Não votarei em candidatos só porque moram em Araçatuba. Por exemplo,
a Cidinha Lacerda me convenceu a votar nela e trabalhar por sua candidatura
porque tem história e serviços prestados.
SEGUNDO: a campanha “vote em candidato a deputado de
Araçatuba” é bairrista, candidato que participa dela já revela certa
estreiteza, não sei se merece a sua confiança, caro eleitor. Todos os
candidatos de Araçatuba, com certeza, vão pedir votos noutros municípios.
Como vai explicar isso? Como trocar figurinhas, fazendo
dobradinhas lá fora, em troca, dobra em Araçatuba com o chamado injustamente de paraquedista? Essa campanha de "votar somente em candidato de Araçatuba" é insustentável, coisa de candidato
sem expressão, querendo enganar o eleitorado.
TERCEIRO: o argumento de que ter deputados da cidade traz
desenvolvimento não se sustenta. O prefeito Cido Sério (PT) conseguiu muitas
verbas, recuperou a cidade com emendas parlamentares de deputados de fora,
porque tínhamos apenas um suplente. E do Governo do Estado veio pouca coisa.
O Governo Federal investiu em Araçatuba por causa do
prestígio do prefeito Cido Sério (PT) na administração federal, por ter ligações fortes no interior do Partido dos Trabalhadores.
O voto distrital, antes de ser adotado, precisa ser muito
bem discutido, por que há candidatos que representam corporações e categorias
profissionais. Além disso, o Brasil é continental e cada região tem suas características.
Deputados, tanto estadual como federal, não são vereadores
crescidos que ficam apenas atendendo prefeitos no varejo. Eles precisam de
propostas mais gerais que atendam toda a sociedade.
Ser deputado não é ficar recebendo título de cidadão disso e
daquilo em câmaras municipais, como aconteceu com certo suplente no exercício
da deputança por um curto período.
Ser deputado é amar a cidade onde mora, claro, mas também
lutar para que a vida das pessoas mais necessitadas melhore. Ser universal, lutar
pela aldeia e através dela amar a humanidade.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Deputado não deve limitar atuação
(Folha da Região, 4/10/2014 - p. 3 - caderno principal)
O cientista político da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Marília Paulo Ribeiro da Cunha avalia com ponde- ração o fato de que ter um deputado seja sinônimo de maior representatividade.
Ele acredita que a eleição de deputados por uma região não significa literalmente que as demandas locais serão atendi- das por eles.
Cunha explica que isso ocorre porque os candidatos podem ter interesses vinculados a outros setores, como o agropecuários e bancários.
“Eles até falam da região, mas defendem outros interesses também”, afirmou o estudioso.
DIVERGÊNCIA
Cunha não compartilha da corrente de opinião que acredita que a união em torno de uma única candidatura possa trazer benefícios a uma região.
Isso porque, avalia ele, as candidaturas devem ser plurais, uma vez que o deputado é eleito para representar todos os cidadãos do Estado de São Paulo.
“Por isso, eles devem ser mais amplos. Podem ter vínculos com a região, mas ele é deputado pelo Estado. Pensar só a região é limitar o pensamento político”, declarou Cunha. RRG
Um comentário:
Quantos deputados - federal e estadual - Araçatuba já teve? E o que fizeram por Araçatuba? Mesmo os da região, como por exemplo de Mirandópolis. Nem é bom continuar. Não convém falar de corda em casa de enforcado.
Bié.
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