AGENDA CULTURAL

4.7.14

Lola Benvenutti: “Ser feminista é ser dona do seu corpo”

Revista Fórum
02/-7/2014

A garota de programa mais famosa do momento tem 22 anos, é apaixonada por literatura, formada em Letras e não tem medo de dizer: “a mulher só se objetifica se ela se sente como tal”
Por Anna Beatriz Anjos
“Sempre fui assim: a única diferença é que agora eu cobro”. É assim que Lola Benvenutti se refere à sua profissão: puta. E completa: “Eu não me incomodo se a pessoa quiser me chamar de acompanhante, mas eu acho que ‘puta’ é a raiz do negócio.”
Por trás da avassaladora Lola dos ensaios sensuais, que há dois anos tomou a decisão de transformar sexo em fonte de dinheiro, está Gabriela Silva, de 22. Nascida em Pirassununga, no interior de São Paulo, começou a carreira ainda longe da capital, onde vive sozinha há cerca de um ano. Virou puta em São Carlos, durante o último ano da faculdade de Letras, que cursou na universidade federal da cidade. Ela conta que a ideia surgiu do gosto “pela coisa”: já que sabia o que lhe dava prazer, por que não viver disso?
Pensou logo em um artifício para facilitar as coisas. “O blogue foi unir essa coisa de escrever – de que eu já gostava e que tem tudo a ver com a faculdade -, e o sexo. Me pareceu a ferramenta perfeita pra isso”, narra. Os elaborados relatos das experiências com clientes chamaram a atenção de um grande portal, no ano passado. Desde que a matéria foi ao ar, o celular de Lola não parou mais de tocar. “Minha vida mudou do dia pra noite”, conta, parecendo ainda um pouco surpresa com o rumo que as coisas tomaram.
Queridinha da imprensa – já foi assunto de matérias em revistas femininas, programas de rádio e TV -, ela se considera feminista. “Ser feminista é ser dona do seu corpo, e se você decide vendê-lo isso não te torna um objeto, a mulher só se objetifica se ela se sente como tal. Se você não se sente, qual é o problema?”, questiona.
Apaixonada por literatura – frases de grandes escritores brasileiros, como Guimarães Rosa, integram seu extenso conjunto de tatuagens espalhadas pela pele -, Lola revela o livro que mudou sua vida: “Filha, mãe, avó e puta”, escrito por outra Gabriela, que travou bonita luta pelos direitos das prostitutas no Brasil. “A beleza com a qual ela fala, a delicadeza, é exatamente o que eu penso, e encontrar uma pessoa que pensa como eu e que não escreve um livro se colocando como vítima foi muito legal”, afirma.
Prestes a lançar a sua própria obra – um compilado das histórias e experiências que os programas lhe renderam -, Lola conversou com a Fórum sobre preconceito, machismo e libertação. Confira:

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