Eric Nepomuceno |
Eric Nepomuceno ERIC
NEPOMUCENO
28 DE SETEMBRO DE 2014
Estamos às portas da hora de uma dessas escolhas que vão
muito além de como adoçar o café: em quem votar para presidente. Aqui estão as
minhas razões (originalmente publicado na Carta Maior)
A vida é feita de escolhas, que vão das mais simples –
decidir se o café deve ser com açúcar, adoçante ou sem nada – às que trazem
consequências e produzem efeitos concretos sobre o futuro de milhões de
pessoas.
Estamos às portas da hora de uma dessas escolhas que vão
muito além de como (e se) adoçar o café: em quem votar para presidente.
E, sem vislumbre algum de dúvida, declaro meu voto em Dilma
Rousseff. Tenho carradas de razões para ter feito essa escolha. Menciono aqui
treze delas.
A primeira é simples: porque é necessário assegurar as
transformações sociais que o país vive desde 2003, com a chegada de Lula da
Silva à presidência, e que foram aprofundadas com Dilma Rousseff. Das três
opções que me oferecem, uma – e apenas uma – significa essa garantia: as outras
duas significam voltar ao passado.
O pedigree do candidato não permite dúvidas com relação a
isso, e o da outra candidata é tão indefinido, tão incerto e errático, que me
permite duvidar de tudo que ela diz. Impossível confiar em quem trai e desmerece
a própria biografia.
A segunda é igualmente simples: porque, além de preservar o
que foi conquistado, é preciso avançar muito, aprimorando os benefícios
alcançados por dezenas de milhões de brasileiros e ampliando as perspectivas
concretas de futuro. É preciso implementar reformas que assegurem não apenas
emprego, mas possibilitem aos brasileiros acesso a educação, saúde, transporte
e segurança públicas. E não vejo, nos outros dois postulantes, nem
consistência, nem coerência, e muito menos compromisso com a busca incessante de
justiça social e de futuro.
Terceira razão: porque Dilma Rousseff é a candidata mais bem
preparada, a de trajetória mais sólida e coerente, a única de real e efetivo
compromisso com o projeto de país que está sendo implantado e que precisa se
consolidar e avançar de maneira incessante, contra os ventos e as marés daquela
parcela da sociedade que sempre se negou a ouvir a voz dos deserdados e que,
nesta eleição, encontrou nos outros dois candidatos seus porta-vozes ideais.
Um, com legitimidade. A outra, graças à própria inconsistência e à sua olímpica
incoerência.
Quarta: porque ainda há muito caminho a ser percorrido. Se
os programas sociais levados adiante pelas três últimas presidências – duas de
Lula, uma de Dilma – serviram para abrir as grandes alamedas da esperança,
falta implementar reformas essenciais, a começar pela reforma política e o
sistema de financiamento das campanhas eleitorais. Falta terminar de recuperar
e redesenhar o papel do Estado na economia e em defesa dos interesses da
sociedade. Esta é uma batalha árdua, e só será possível obter os resultados
necessários com um governo efetivamente comprometido com a maioria dos
brasileiros, e não com os setores que, por tradição, reservam a si os
benefícios que deveriam estar ao alcance de todos.
Quinta razão: porque o Brasil vem consolidando seu espaço no
cenário internacional, com uma política que tem sabido aliar pragmatismo com
soberania e autoestima. No momento em que as forças do atraso buscam retomar
seu poder em diversos países latino-americanos, e que a maioria dos países
europeus padece as perversidades de um sistema que privilegia o capital,
ceifando conquistas e transformando-se em estados de mal-estar social, é de
importância primordial que o Brasil mantenha sua atual política externa.
Sexta: porque a renda do trabalhador brasileiro obteve
ganhos reais. Existe um dado que mostra de maneira clara o trânsito
experimentado pelos desfavorecidos: em oito anos, 42 milhões e 800 brasileiros
abriram, pela primeira vez na vida, uma conta corrente em um banco. Ou seja: um
contingente de brasileiros, que equivale a uma Argentina inteira, experimentou
um câmbio efetivo em sua economia familiar.
Sétima: porque, pela primeira vez em meio século, o Brasil
teve e tem um governo voltado para os brasileiros. Um governo que, apesar de
certos equívocos, agiu sempre na direção do bem comum. E que, quando acertou –
e acertou infinitas vezes mais do que errou –, beneficiou os que, até agora,
integravam os imensos batalhões dos desvalidos de sempre.
Oitava razão: porque vejo em Dilma Rousseff a única
possibilidade de corrigir rotas sem mudar ou perder o rumo. De retificar sem
destruir.
Nona: porque é ela, dos três candidatos, a única que
realmente sabe de onde veio o atual projeto de país, e portanto saberá leva-lo
a bom porto. A única que sabe onde este projeto pretende chegar, e qual o país
que pretende construir e legar às gerações que virão.
Décima razão: porque nunca na vida votei na direita.
*Eric Nepomuceno é jornalista, 66 anos
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