AGENDA CULTURAL

22.10.14

O que vi até aqui no Festara - Araçatuba

CAIS OU DA INDIFERENÇA DAS EMBARCAÇÕES
Reapresentação de "Cais ou da Indiferença das Embarcações" na sede da Associação Afro - Av. João Arruda Brasil, antes da rua do Fico.

Assisti ontem, apresentada pelo Festival de Teatro de Araçatuba, à peça muito elogiada pela crítica paulistana: Cais ou da indiferença das embarcações. Ela foi apresentada na sede da Associação de Cultura Afrobrasileira de Araçatuba, na av. João Arruda Brasil, onde funciona um Ponto de Cultura do MinC. A vinda da peça para Araçatuba para o Festara foi uma contribuição do Sesc. Montou-se o cais no centro da sala, com cadeiras em volta. Duração de 3 horas, com intervalo de 15 minutos e direito a lanche, água ou suco gratuitamente.

Drama épico escrito e dirigido por Kiko Marques enfoca três gerações de uma família, mas também pela forma como a encenação simples reproduz a trama ambientada na Ilha Grande, no litoral fluminense. No fim da década de 20, a garotinha Magnólia (Tatiana de Marca) conhece um rapaz crescido (o ator Marcelo Marothy), e os dois se apaixonam. A Revolução de 30 e o Estado Novo afastam a possibilidade de um reencontro, e ela se casa com outro. Quem traz essa história à tona — e suas consequências trágicas — é o ator Walter Portella, na pele de um narrador que representa um barco. Efeitos especiais ou recursos sofisticados são dispensados. Em cena estão dois músicos e doze atores, entre eles entre eles Alejandra Sampaio, Marcelo Diaz, Marcelo Laham, Maurício de Barros, Virgínia Buckowski.

Carícias, de Sergi Belbel, teve uma boa interpretação no Festara 2014

Escrito em 1991 por catalão Sergi Belbel, "Carícias" foi interpretada pela Cia. de Teatro Lado B de Araçatuba
A peça é uma sucessão de episódios onde a incomunicabilidade é uma constante. O texto de Belbel dialoga com a crueza e acidez do nosso tempo. Põe em cena, sem rodeios, o esgotamento e a fragmentação das relações humanas na contemporaneidade.
O tom da encenação, segundo o diretor do espetáculo Mauro Júnior, "vem ao encontro da aridez do texto. Minimalista, centrado no trabalho do ator, hibridizamos as linguagens do teatro e do cinema", comenta.
"Nossa pesquisa de linguagem tem como foco a relação dos atores com esses dois suportes tão diferentes, mas que na encenação ganham forma potencializando as nuances das atuações", explica o diretor.
Resultado de intensos de ensaios, que consumiu mais de 300 horas, o espetáculo é a conclusão foi apresentado pela Cia. de Teatro Lado B, de Araçatuba, no teatro municipal Castro Alves, no dia 20/10/2014, na programação do Festival de Teatro de Araçatuba.
Espetáculo: Carícias
Texto: Sergi Belbel
Direção: Mauro Júnior
Elenco: Cia de Teatro Lado B
Até aqui foi texto copiado do AtaNews. Agora é do blogueiro: a última cena me pareceu uma torre de Babel, que podia ser substituída por uma sessão de igreja pentecostal, onde os fieis gritam cada um na sua língua, tomados pelo Espírito Santo. Aliás, considero tais sessões nas igrejas uma catarse.
A apresentação da peça "Carícias" no Festara como representante de Araçatuba só veio engrandecer o teatro araçatubense.

Mundo Mudo - adaptação de Fim de Jogo (ou Final de Partida) de Samuel Beckett
Vi ontem no Festival de Teatro de Araçatuba a peça "Mundo Mudo", uma adaptação de Jorge Vermelho e companhia da peça de Samuel Beckett denominada "Fim de Jogo", outros traduzem para "Fim de partida".
O comportamento da plateia diante do espetáculo revelava o gênero: tragicomédia . Alguns riam diante de algumas situações, outros, ficavam sérios. Esse comportamento diferenciado revela também o jeito de encarar a vida.
A peça é uma representante do teatro do absurdo que revela as profundezas humanas. No prospecto, a diretora Georgette Fadel apresenta uma lista de aforismos que foram abordados pela peça. Dentre eles, fico com "As relações humanas são sempre relações de abuso de poder, de uma forma outra outra?". Concordo, apesar do Ramis estar numa cadeira de rodas, domina a situação, controla até as chaves das malas. Seu cuidador Clóvis é um boneco em suas mãos.
Também considero que a peça apresentou um subtema interessante: como o doente, o cadeirante, explora o seu cuidador. O doente ou o deficiente físico sempre é apresentado como coitadinho em nossa sociedade, quando o papel pode se inverter: o doente é o algoz de seu cuidador.
A adaptação apresentada pela Companhia Azul Celeste, São José do Rio Preto, não usa palavras, não há diálogos. As comunicações entre os personagens são feitas por instrumentos que emitem som, porque Ramis é cego.
Apresentamos algumas fotos de interpretações da peça.

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