Hélio
Consolaro*
Numa
cidade paulista, havia um presidente de escola de samba que era uma graça.
Chamava-se Mané. Nem preciso falar que ele era de origem lusitana. Faziam-lhe
bullying: uma mulher fantasiada de homem. Então, se meteu em fazer a vida no
carnaval.
Por
dinheiro, tinha o espírito macunaímico, dandava para ganhar vintém. Ganhou o concurso de escolas de samba em
primeiro lugar vários anos, sempre se dava um jeito. Aí assumiu no município um secretário
da Cultura cheio de vontades e disse:
- Aqui não se dá jeito, não!
- Assim, perdeu, perdeu, perdeu,
perdeu, perdeu, perdeu – era sempre segundo lugar. Emburrava,
xingava, se alongava, não recebia troféu.
Mandava recado ao secretário:
- Acabou! Não vou participar do
carnaval. Chega! Cansei!
E o
secretário devolvia o recado:
- Que nada! Desiste nada. Mané é
igual rapariga, fala que vai largar a vida, mas é só da boca pra fora...
E era
verdade! Noutro ano, estava lá o Mané no sambódromo todo faceiro com sua
escola. O Ministério da Cultura até mandou dinheiro pra escola dele.
Então, neste
ano de 2015, mandou um recado para o secretário que nunca havia lhe entregado
troféu de escola campeã:
- Se não ganhar o primeiro lugar
neste ano, não vão mais me chamar de Mané. Vou mudar de nome!
Os amigos
faziam gozação: - -
- Vai se chamar Joaquim, quase a
mesma coisa!
E não é
que o Mané foi campeão com sua escola de samba e não precisou mudar de nome! E
todo garboso foi ao encontro do secretário cheio-de-vontades:
- Ganhei! Apesar de você!
E ele
ouviu a resposta:
- Parabéns! Isso mesmo, Mané!
Eleição se ganha nas urnas, carnaval se ganha no sambódromo, com samba no pé!
Nada de tapetão!
E assim
viverão felizes até o próximo carnaval.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura
de Araçatuba-SP
Hélio
Consolaro*
Um comentário:
Rs.. Carnaval piada em aracatuba..
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