AGENDA CULTURAL

21.2.15

Ave agourenta

*Hélio Consolaro

A coluna não se refere ao filme Cinquenta Tons de Cinza, mas sim à economia do nosso querido Brasil. A hora é de apertar os cintos. Segundo fontes do mercado, a inflação só está começando, junto com a recessão. Ai, meu Deus. (Célia Villela, coluna de 20/2/2015, jornal O LIBERAL, de Araçatuba-SP) 

A jornalista Célia Villela pode ficar tranquila, porque é uma mulher bem-sucedida, os tons de cinza nunca chegarão à sua mansão no Jardim Nova Iorque.  Está havendo um reajuste na caminhada, mas tudo está sob controle na economia. Em Araçatuba, nunca vi tanta gente em fins de semana (e durante a semana mesmo) em bares e restaurantes. Continua difícil contratar alguém, porque a oferta de trabalho está maior que a procura. Isso é sinal de prosperidade.

Quando os pobres estão consumindo, é bom também para os empresários, porque eles vendem muito, lucram no volume de venda e não na altura do preço, mas há gente que não quer ver a classe trabalhadora bem de vida, esse pessoal tem uma visão escravocrata. Rezam nas igrejas, leem a Bíblia, mas se alegram em ver seus irmãos conterrâneos na miséria. 

Cada pessoa que financiou casa ou apartamento (com renda até 03 salários mínimos), recebeu um cartão de crédito da Caixa Econômica Federal (Minha casa melhor) para comprar até R$ 5 mi em móveis e eletrodomésticos. Isso rodou a economia de Araçatuba, por exemplo, que aderiu ao programa “Minha casa, minha vida”, com quase 4 mil casas construídas. Trata-se de política econômica para beneficiar principalmente os chamados “menos favorecidos”, mas que na verdade são os “mais explorados”.

Na época de criança, já tive muito medo de pio de coruja, não chegava nem perto de urubu. Aves feias, mas agora a ave agourenta que fica anunciando a desgraça nas esquinas, na televisão e em páginas de jornais, enfim, na mídia em geral, é o tucano. Ave tão colorida, bonita, que se tornou símbolo do PSDB, não merecia essa função. Tucanos não querem um Brasil pujante, desejam um Brasil colonial.


Mau agouro vem sendo anunciado desde 2003, quando Lula da Silva assumiu a presidência da República, porque esse povo que usa salto alto não admite que os subalternos tenham condições de governar.  Os tucanos disseram que iam ficar 20 anos no poder, ficaram apenas 08 com FHC e, pelo que parece, quem vai ficar duas décadas é o PT.

Eles acreditam ainda nos “formadores de opinião”, ou seja, os coitados, os subalternos recebendo ordens dos bacanas para votarem nos candidatos deles. Se isso fizesse a cabeça das pessoas, que eles classificam como desinformadas,  o PT não estaria tanto tempo no poder. O Partido dos Trabalhadores  é como pão fermentado, quanto mais batem nele, mais cresce. Na rotatividade do poder, haverá o momento em que será substituído, mas com certeza, não será pelo PSDB. Eduardo Campos faz falta nesse jogo.

O PT sempre lutou, por exemplo, pelo financiamento público de campanhas eleitorais para que a democracia se livre ainda mais da corrupção (a OAB abraçou também essa bandeira) porque as empresas financiam a campanha dos candidatos pensando em obter vantagens com os financiamentos, caso sejam eleitos, mas os partidos conservadores (o TSE também porque enrola para tomar uma decisão) não querem isso, porque vai acabar a teta de ganhar dinheiro com a eleição.  Se o dinheiro sai dos cofres públicos via corrupção, porque os partidos recebem propinas, seria melhor financiamento público, controlado pelo TSE, com prestações de contas severas. Do jeito que está, o sistema é corrupto por natureza, dificilmente nos livraremos da corrupção.   

A Petrobrás, o coração de nossa economia, o nosso orgulho, está sendo atacada para que suas ações sejam desvalorizadas. Assim, os estrangeiros, como quer o PSDB e os conservadores, estão comprando ações da empresa a preço baixo. Como pode perceber o caro leitor, o jogo é duro, porque há brasileiros jogando contra o Brasil, como foi na Copa do Mundo 2014, como naquele fatídico jogo com a Alemanha. Tudo tramado.

Assim, Célia Villela, a política econômica adotada pelo PT proporciona a construção de um Brasil para todos, não só para a meia dúzia que manda neste país desde Pedro Álvares Cabral. Isso enfurece alguns privilegiados, deixando-os agourentos. Talvez seja isso o motivo de sua notinha em sua coluna.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba.

Sugestão de leitura:

Quem mais critica financiamento público são os que mais recebem



Um comentário:

Vanessa disse...

Sim senhor! Que texto certeiro! Curto e grosso, direto ao cento da questao. Sintetizou bela e duramente ( a verdade doi; para alguns)uma faceta do Brasil atual.