Geraldo Alckmin fecha oficina cultural

Hélio Consolaro*

Em 2007, fui convidado como membro do antigo Conselho Municipal de Cultura, para a inauguração da oficina cultural Sílvio Russo, uma sala na Casa da Cultura Adelino Brandão. A denominação era uma homenagem ao pintor que passou parte de sua vida em Araçatuba.

A iniciativa do governo estadual marcava o fim das delegacias, eram os primeiros passos na política da terceirização também nas ações da Secretaria Estadual de Cultura.

Em 2009, solicitamos que a oficina procurasse outro prédio, pois além de as dependências serem modestas, precisaríamos de ampliar o Projeto Guri (outra organização cultural que presta serviço ao governo estadual). Assim, foi alugado o prédio da rua Oscar Rodrigues Alves, 169, bem mais amplo mansão.

A organização que ia administrar as oficinas era a Assaoc – Associação dos Amigos das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. Sob a gestão da Assaoc, as oficinas apenas soltavam editais e os artistas se inscreviam para ministrá-la. Antes de ser secretário, fui oficineiro da entidade. A procura de interessados em frequentá-las era pequena.

Em 2011, a Poiesis (Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura) assumiu a administração das oficinas culturais em 2011. As atividades foram ficando mais intensas. A coordenação era exercida por Paulo Henrique de Carvalho, de Penápolis. 

Em 2013, maio, Douglas Augusto Oliveira assumiu a coordenação da Oficina Cultural Sílvio Russo e deu-lhe nova dinâmica, ouvindo as necessidades locais, fazendo do prédio um equipamento cultural. Não conheço outras unidades, mas duvido que exista uma oficina da rede Poiesis mais dinâmica do que Araçatuba. Aprendemos a gostar da OCSR.

Assembleia de artistas e agentes culturais realizada no teatro municipal
Castro Alves - chamada pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba

Todos contentes, mas de repente vem o seu lobo e acaba com tudo: a Oficina Cultural Sílvio Russo encerra suas atividades, sem ouvir uma avaliação da comunidade cultural ,  sem dar satisfações, ignorando as pessoas. Por decisão da Secretaria Estadual de Cultura, a verba destinada à Poiesis (para as oficinas de todo o estado) voltou ao nível de 2010: R$ 19 milhões, quando estava previsto para 2015 R$ 28 milhões.  

Será que o PSDB local e regional vai se calar? Será que o deputado estadual Roque Barbieri (PTB), aliado do governador Geraldo Alckmin, vai deixar isso acontecer? Os artistas estão se mexendo, ainda não perderam as esperanças, acreditam  na reversão da medida. Não os deixem perder a paciência.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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