Hélio Consolaro*
Cada
vez mais, a educação deverá se culturalizar: um, deixando de seguir currículos
rígidos; dois, tornando-se prazerosa; três, criativa (Renato Janine Ribeiro,ministro da Educação)
As universidades instaladas em Araçatuba zelam muito pouco pela
formação cultural de seus alunos. Há até grandes festas,
envolvendo alunos, como forma de fazer marketing, mais ligadas ao lazer. A formação cultural vai muito
além da promoção dos eventos.
A própria Unesp, Odonto e Veterinária, por ser pública,
devia se engajar mais na formação cultural de seus alunos. Participa ativamente
do Conselho Municipal de Política Cultural de Araçatuba.
Com a Universidade Paulista (Unip) mantemos um
relacionamento estreito por causa do teatro. O diretor regional, Hélio Negri,
sempre nos empresta o seu majestoso teatro. Em vez de capela ou auditório, a
universidade construiu um teatro que está servindo à comunidade araçatubense.
Mas não percebemos investimento cultural na formação dos alunos. Embora tenha
vaga garantida, não participa do Conselho Municipal de Política Cultural de
Araçatuba.
O que é investimento cultural na formação dos alunos? É ter
um departamento cultural que incentiva e financia grupos das artes, coletivos
culturais de alunos, traga artistas do circuito alternativo. Discuta e debata a
arte em suas dependências.
Em 2010, fui a um evento cultural da Toledo de Presidente
Prudente. Percebi que por lá, pelo espaço oferecido, parece haver uma
preocupação com a cultura, pelo menos o show do Almir Sater aconteceu num
espaço muito chique da UniToledo de lá. Aqui, a mesma instituição tem outra
linha, participa da Expô, promove a gincana Cubo Dourado. Embora tenha vaga
garantida, não participa do Conselho Municipal de Política Cultural de
Araçatuba. Saudades do Afonso Toledo.
A SEB Thathi COC
investe bastante na formação cultural de seus alunos nos ensinos médios e
fundamental, mas não vejo o mesmo entusiasmo nas faculdades. A organização
educacional tem um centro cultural na rua General Glicério, antigo Cine
Pedutti, que é alugado para espetáculos e eventos culturais. Tê-lo, mesmo
pagando a locação, já é um avanço. Embora tenha vaga garantida, a instituição não participa do Conselho
Municipal de Política Cultural de Araçatuba.
A Fundação Educacional de Araçatuba não foge à regra, seus
dirigentes mergulham a cabeça nos afazeres educacionais, no seu cotidiano
escolar, se nivelando às demais na questão cultural. Participa ativamente no
Conselho Municipal de Política Cultural de Araçatuba.
A UniSalesiano usa mais que oferece à cultura institucional
de Araçatuba, como solicitar a presença da Orquestra Municipal de Sopros Bruno
Zago em suas atividades. Em vez de teatro, construiu um auditório-capela. Para
que seus cursos fossem aprovados pelo Ministério da Educação (função social do
centro universitário) assumiu a Universidade da Terceira Idade (com intensas atividades culturais), fundada pelo
Dr. Ruy dos Santos Pinto. Conseguindo seus objetivos (cursos aprovados – início
dos anos 2000), reduziu quase a zero as atividades da UNA, construindo no local
uma unidade de fisioterapia, transformando dependência da antiga UNA em centro
de atendimento advocatício para treinar seus alunos do Curso de Direito.
Hoje, ocupa ilegalmente uma área da Vila Ferroviária,
inclusive a casa onde funcionava a parte administrativa da antiga UNA. Fazendo
dela um prédio que poderia ser um equipamento cultural (de que Araçatuba tem
tanta carência) em depósito de qualquer
coisa. Resistindo em devolver a área para a Prefeitura de Araçatuba porque o
decreto de permissão de uso venceu no ano 2000 mil.
Uma entidade que pleiteia o curso de medicina para si,
não faz nada pela cultura de Araçatuba, ao contrário, impede que outros façam.
Depois dos conflitos com o Conselho Municipal de Política Cultural de
Araçatuba no caso do museu de imagem e do som, começou a participar ativamente dele. Os padres salesianos não são
tão tacanhos nas questões culturais, mas em Araçatuba... Saudades do Pe. Afonso
de Castro (outro Afonso).
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
3 comentários:
Nossa cidade ainda não conseguiu aproveitar as faculdades existentes. Prudente, Marília, Botucatu, Bauru e entre tantas outras, se tornaram cidades universitárias. Esses locais, a participação cultural é constante.
Vejo um erro político que sempre tivemos, pois toda gestão enxerga as universidades como centros técnicos apenas. Não é a universidade que deve pular esses muros e sim a ADM. Municipal dialogar, integrar as universidades.
Na Unesp, todo ano tem atividades culturais, mas acaba sendo interno, para seus alunos.
Fica minha dica, um conselho: busque o diálogo , faça a integração de todas, faça de nossa cidade, uma cidade universitária!
abraço
Erivelto Junior
Como ex-aluna do UniSALESIANO discordo do que você diz, você fala sem conhecimento, temos diversas atividades culturais dentro da faculdade.
Toda sexta-feira acontece o show de talentos onde os alunos podem se apresentar com música, dança,teatro ou qualquer outra forma de expressão artística, o evento é aberto até para alunos de outras faculdades. Na sexta feira (17-04) fui assistir minha amiga Larissa se apresentando e junto com ela um aluno de Direito da Unip no violão.
Quando ainda era estudante participei da Semana de Cultura e Cidadania onde participei de várias oficinas culturais e assisti show de dança, show musical e apresentação de fitness mais o que mais me empolgou foi o campeonato de games que estava rolando lá, e o evento é aberto e gratuito...
Sempre leio seu blog e admiro seu trabalho mas acho que você deveria se informar mais antes de publicar estas coisas porque todo aluno ou ex-aluno sabe que não procede sua informação.
Foi injusto seu comentário, demonstrou que não conhece a instituição...Um bom jornalista deve primar pela VERDADE, e averiguar os fatos antes de publicar, apesar que isso não é o que temos visto no Brasil ultimamente...
Maria Diaz
A sua universidade tem uma orquestra, tem pelo menos um coral, há pelo menos um grupinho de teatro, promove oficinas de arte com seus alunos, organiza algum circuito cultural ou de artes envolvendo seus alunos. Então, Maria Diaz, suas palavras testemunham a meu favor, show de talentos, chamar alguém para tocar violão, isso não é fomentar a cultura na universidade, nem se preocupar com a formação cultural dos alunos. Qualquer escola do ensino fundamental ou do médio faz. Estou me referindo à formação cultural de alunos do curso superior, futuros profissionais. Se a própria universidade não lhes oferece isso, quem vai fazer? Diga para os padres (mas outras faculdades cometem o mesmo erro) que investir em cultura também é marketing.
Não se investe na formação sólida da juventude, depois vão dizer que ela está perdida. Religião é bom, mas que a cultura também seja valorizada.
Eu estou ao lado dos alunos, defendendo um direito dos alunos que pagam suas mensalidades. E você se apresentou como aluna, não?
Abraços
Hélio Consolaro
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