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Luís Fernando Veríssimo |
Mas que estranha potência é esse Brasil, que pode mandar tantos
dos seus cidadãos a Nova York, quando as notícias que se tem são de privação
econômica e panelaços?
A temporada teatral de 2014/2015 na Broadway foi a melhor de
todos os tempos, com o público lotando teatros, principalmente para ver
musicais, como nunca. A maior parte do público foi de turistas e, entre os
turistas estrangeiros, a maior parte foi de ingleses e, em segundo lugar —
sério, deu no “New York Times” —, brasileiros. As duas estatísticas intrigam.
Quase todos os grandes sucessos da Broadway têm versões inglesas e ninguém
precisa sair de Londres para vê-los. Em vez de terem que ir à Broadway, a
Broadway vai até eles, geralmente em produções comparáveis, em qualidade, às
americanas. Mas a Inglaterra é uma das potências econômicas do mundo, não
surpreende que tantos ingleses cruzem o Atlântico só para poderem dizer que
viram a versão original dos espetáculos. Mas que estranha potência é esse
Brasil, devem se perguntar os produtores americanos ao contabilizar seus
lucros, que pode mandar tantos dos seus cidadãos a Nova York para ver musicais,
quando as notícias que se tem de lá são de privação econômica e panelaços
contra o governo? Há uma discrepância aí, em algum lugar, devem pensar os
produtores. Mas que continuem vindo os brasileiros e nos trazendo seus dólares,
saiam de onde saírem.
O fato é que hoje não são só as estatísticas que representam
pouco, há uma crise de representatividade generalizada. Não é por nada que
partidos políticos se reestruturam em toda parte, para salvarem algum tipo de
coerência da confusão. Um exemplo é o PT, com suas várias correntes em luta
para definir uma identidade para o partido ou resgatar uma identidade perdida.
Na França, o partido do Sarkozy, a UMP, até mudou de nome, agora é
Republicains, enquanto os socialistas tentam salvar seu PS do desastre François
Hollande com outras lideranças e outros rumos. E na Inglaterra os trabalhistas
continuam tentando descobrir o que representam de diferente dos conservadores
no poder, que, por sua vez, também não sabem mais exatamente o que são.
(Texto publicado no jornal O Globo, 14/6/2015)
4 comentários:
Sai mais barato ir para os Estado Unidos do que passear pelo Brasil.
A pergunta que não quer calar: O que fazem esses brasileiros para ter condições de ir à Broadway? Pois vamos fazer também! =)
A turma do vai e vem é quase a mesma que nem estão se importando com o que acontece por aqui.Pode ter certeza de que comem um pedaço do que está sendo surrupiado.Todo?É calro que não.Ainda há que conta totões e realiza sonhos,mas a maioria brasileira não tem nem carteira debaixo da árvore para estudar,nem árvore.Cego é quem não que ver ou muito ingênuo para não pérceber.Estamos na ----a!!!!
Meu amigo,há "tetas" para muita gente mamar,outros já nasceram mamando ,outros contam tostões e colocam mochila nas costas e dá-lhe mundo,outros nasceram e nem sabem quem são ,não têm casa para morar,não têm escola,assistência médica e tudo o mais.O pior de tudo é que mais CEGO é quem não quer VER.Estamos no fundo do fundo do fundo com este povo babaca que ainda se elege!!!!!!!
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