Capa do livro |
Hélio Consolaro*
É muito delicado escrever sobre o livro publicado por uma
amiga (ou amigo). Se falar bem, é por causa da amizade; se falar mal, é um
ingrato.
A confreira da Academia Araçatubense de Letras Marilurdes Campezzi lançou durante a 7.a Jornada
de Literatura de Araçatuba, 18/9/2015, o seu livro “Tempo de colher
margaridas”. Depois da leitura do livro, a obra em primeiro lugar, ninguém pode
manchá-lo com a nódoa do desprezo.
Trata-se uma obra produzida no outono da vida, mas para
Marilurdes essa estação será longa, ela vai colher muitas margaridas, porque
elas foram sementes bem plantadas na juventude. Um outono colorido. Com tanto
sentimento, os versos só podiam sair brancos, assimétricos e livres.
O poema “Sinais de vida”, dedicado a um fotógrafo, tão
declamado por Marilurdes Campezi nos saraus de Araçatuba, revela o tema de todo
o livro. Ela se revela autêntico, não quer que o retratista aplique recursos
para disfarçar a sua velhice:
Não. Não manipule
esse retrato
que você fez do meu
rosto natural.
Deixe que as linhas
cruzem a minha testa,
nítidas amigas,
paralelas e discretas,...
(Poema: Sinais de
vida)
Na vida, Marilurdes despetalou muitas margaridas, fazendo o
jogo do bem-me-quer, malmequer, porque não somos apenas amados, ser odiado ou
detestado também faz parte do jogo. Jesus Cristo não foi crucificado?
O outono é assim,
tão certo,
Mas não o
compreendemos como amigo
Que chega...
E que sempre nos
avisou da chegada.
(Poema: Flores
secas)
A escolha da margarida como a flor homenageada foi muito bem
pensada por Marilurdes, porque ela representa a inocência, a virgindade, a simplicidade,
a pureza, a confiança, a criatividade e o amor leal. Tudo de bom. Toda flor é
feminina, mas a margarida é mais mulher.
No livro de poesia, Marilurdes transparece uma mulher que vive muito bem, não briga com sua
idade, é um vinho que envelheceu e melhorou a qualidade, mas, sem saudosismo
doentio, reflete cada momento, cada coisa, cada pessoa que fez ou faz parte de
sua vida.
As agulhas não
perfazem
O caminho por mim
escolhido.
Recusam-se a ferir
o tecido
para seguirem em
frente,
puxando atrás as
lembranças,
as querências,
as alegrias e
decepções.
(Poema: Costuras)
O livro não é dividido tradicionalmente em capítulos, mas a
divisão é marcada por frase destaca em duas páginas coloridas. E, ainda, deixou
espaço para que o leitor faça o seu poema.
Como escreveu Antonio Luceni em seu posfácio: “Tempo de
colher margaridas funciona como um balanço de contas de cidadã, educadora,
escritora, esposa, mãe, avó e amiga...” Parabéns, amiga Marilurdes, pelo sonho
realizado.
Livro editado, diagramado e publicado por Antônio Luceni,
135 páginas. Publicado graças ao prêmio do Fundo Municipal de Cultura de
Araçatuba, R$ 40,00.
*Hélio Consolaro, professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Contatos com Marilurdes Campezi: 18 3623 4303
lulacampezi@yahoo.com.br
lulacampezi@yahoo.com.br
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