AGENDA CULTURAL

31.12.15

Coleção Vaga-Lume: muitas saudades

Hélio Consolaro


Quando eu era aluno, década de 60, não aprendi a ler livros na escola, os professores só ensinavam gramática na forma mais tradicional possível.

Em 1972, adentrei os portais do magistério. Adotar a coleção Vaga-lume já era um avanço, fazer, às vezes, na marra, os alunos lerem os livros, dar provas, consegui transformá-los em leitores e não só alfabetizá-los.

Depois, com o construtivismo, aprendi a estimular a leitura em vez de obrigar. Hoje, como ex-professor de Português da rede pública, encontro meus ex-alunos, já adultos, muitos agradecem a leitura de livros e o ensino da redação nas minhas aulas. 

Encontrei este material site www.homoliteratus.com sobre a coleção Vaga-lume e achei interessante, já que a coleção está completando 43 anos de existência. Boa leitura.



Jana Lauxen*

1. A série Vaga-Lume foi lançada pela Editora Ática na virada de 1972 para 1973, e é composta de romances voltados ao público infantojuvenil.

2. A editora não divulga números, mas estima-se que somente a obra A Ilha Perdida, de Maria José Dupré, já ultrapassou a marca de 2,2 milhões de exemplares vendidos.


3. A série ajudou, e muito, a fortalecer e consagrar a Editora Ática, que recentemente informou que pretende relançar a coleção em formato digital.
4. Um dos maiores sucessos da série, O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida (1910-2005), foi lançado primeiramente em 1956 como um folhetim da revista O Cruzeiro.

5. Inicialmente, a série se caracterizava pela presença de obras já consagradas, de autores idem. Já na segunda década após seu lançamento, tanto os textos quanto os autores passaram a ser inéditos.

6. Um destes autores inéditos era Marçal Aquino.

7. Quando foi convidado para escrever por Fernando Paixão, editor da série na época, Marçal era repórter do Jornal da Tarde e nunca havia escrito uma linha sequer para o público infantojuvenil.

8. Em contrapartida, outro escritor da série, Marcelo Duarte, nunca publicou nenhum livro de ficção fora da coleção Vaga-Lume. O jornalista, escritor e dono da Editora Panda Books publicou seus cinco livros de ficção na série, e vendeu mais de 240 mil exemplares.

9. Em 1980, quando foi informado pelos editores responsáveis pela Coleção Vaga-Lume sobre a tiragem pretendida para seu livro, um atordoado escritor de pseudônimo Marcos Rey não acreditou. Os editores da Ática reiteraram: 120 mil exemplares.

10. Marcos Rey, pseudônimo de Edmundo Nonato, era nesta época um escritor já reconhecido de contos e romances adultos, porém estava acostumado com tiragens que não ultrapassavam três mil exemplares.

11. A aposta em Marcos Rey foi alta – e certeira. O Mistério do Cinco Estrelas, de 1981, vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares. O autor escreveu o livro em dois meses.

12. Atualmente, porém, os mais de 15 livros lançados por Marcos Rey estão fora da coleção Vaga-Lume.

13. Um dos criadores da série, Jiro Takahashi, hoje editor do selo Prumo, da Editora Rocco, afirma que o sucesso da coleção se deu por conta de uma série de fatores, sendo o principal deles o baixo preço dos livros. Altas tiragens permitiam preços muito baixos, que por sua vez facilitavam a adoção das obras por escolas.

14. Outro ponto importante para a aceitação em sala de aula eram os encartes chamadosSuplementos de Trabalho, que traziam atividades didáticas ligadas ao livro.

15. Milton Rodrigues Alves, um dos ilustradores da série, conta que, para ilustrar O Caso da Borboleta Atíria, passou muitas e muitas horas em um Museu de Zoologia. “Não tínhamos internet, e a melhor maneira de saber a forma de um Dynastes Herculesera indo ao Museu”, conta Milton.

16. O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida, em breve sairá das estantes diretamente para as telas de cinema. A obra está em fase de pré-produção, e terá direção de Carlos Milani. O filme já tem até um site:www.oescaravelhododiabo.com.br

17. E O Escaravelho do Diabo não é o único. O Mistério do Cinco Estrelas (1981), O Rapto do Garoto de Ouro (1982) e Um Cadáver Ouve Rádio(1983), todos de Marcos Rey, tiveram seus direitos adquiridos pela produtora RT Features, e começam a ser filmados no final de 2013. A previsão de estreia é julho de 2014.


É produtora cultural e escritora, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (Ed. Multifoco, 2009) e O Túmulo do Ladrão (Ed. Multifoco, 2013). Colunista da revista Café Espacial, publicou pela Mojo Books a historieta Pela Honra de Meu Pai. Publicou em mais de quinze coletâneas, e organizou seis em parceria com outros escritores. Foi editora da versão brasileira da revista eletrônica inglesa 3:AM Magazine, e também uma das idealizadoras do projeto E-Blogue.com (in memoriam). Atualmente trabalha na Editora Os Dez Melhores e é redatora na agência Teia de Marketing Literário Virtual.

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