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Texto de Marcos Barbosa tem três apresentações no CCC, em São Paulo
G1 - 16/12/2015
Início do século XX, interior do Nordeste brasileiro. Numa casa em ruínas, uma família tenta encontrar uma maneira de salvar o filho mais velho, que foi pego roubando nas terras do vizinho, inimigo da família. Essa é a trama de “Braseiro”, espetáculo de estreia da Cia do Blefe e que faz três apresentações, entre 18 e 20 de dezembro, no também recém-inaugurado Centro Compartilhado de Criação (CCC), espaço do ator Caco Ciocler e do produtor Ricardo Grasson.
– Essa família é formada pelo pai, mãe, irmão mais novo e avó que, ao invés de tentarem achar uma solução para salvar o primogênito, nesse momento começam a se chocar entre si. Todos os problemas vêm à tona. O sequestro desse menino é o estopim para que tudo isso aconteça, para o acerto de conta entre os membros dessa família, principalmente entre o pai e a avó. Uma história bastante comum no início do século na região – aponta o diretor do espetáculo e da companhia, Mauro Júnior.
Em cena, cada mebro da família testa os limites do outro, movendo a balança de poder que rege a casa. O texto é do cearense Marcos Barbosa. A montagem dá inicio a Trilogia do Poder, que trará ainda “Escorial”, de Michel de Ghelderode, e “Passo de Dois”, do argentino Eduardo Pavlovsky. Questões como as relações de poder e a hierarquia familiar serão discutidas nos palcos.
– A Trilogia do Poder foi criada para levar à cena essa questão que a gente vive, mais atual que nunca, de como o poder pode corromper as pessoas. Desde o início pensamos em fazer uma trilogia, e ficou sob minha responsabilidade, como diretor, definir uma dramaturgia que respondesse nossas inquietações sobre o assunto – observa o diretor, que ressalta o ponto de vista diferente entre as três propostas. – É a noção de poder a partir de três narrativas muito distintas entre si.
Paulista de Araçatuba, a Cia do Blefe gosta de trabalhar com questões humanas. Uma de suas características é o minimalismo no palco, sem grandes produções de cenário e figurino, centrando o trabalho na atuação do ator e sua ligação com o texto. Eduardo Amaral, Sílvia Teodoro, Devanira Moura e Patrick Leal formam o elenco. O grupo apostou ainda no diálogo entre diferentes linguagens, cênica e audivisual, como norteador estético do espetáculo:
– Não é um espetáculo que hibridiza. Não temos o suporte do cinema enquanto narrativa, enquanto linguagem. A gente abre o espetáculo com um curta especialmente feito para a montagem, inspirado uma sugestão que o ator dá no início do texto, de uma caçada em off por esse menino. E a gente quis transformar isso em uma linguagem narrativa física, para poder trazer o espectador para esse lugar que é o sertão – destaca o diretor.
Planos não faltam para a companhia, que foi criada há menos de um ano. Um dos principais talvez seja o de levar sua produção teatral para outros cantos do país, incluindo o os grandes centros e capitais como as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A ideia é mostrar o teatro que é feito no interior, área tão efervescente para a criação a criação teatral.
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