O concurso Microbolsas Judiciário vai distribuir cinco
bolsas de R$ 5 mil para as melhores propostas de pauta sobre o tema; inscrições
vão até 29/2
Num país em que mais de um terço da população carcerária
está preso provisoriamente, conseguir uma audiência com o juiz costuma ser um
périplo – e demora pelo menos dois meses. O que não significa que os acusados
terão, afinal, acesso à Justiça: morosidade no andamento dos processos,
ineficiência, parcialidade e corrupção marcam boa parte dos procedimentos
judiciais no país. Em 2014, o sistema judiciário consumiu R$ 68,4 bilhões em
verbas públicas, o que equivale a 1,2% do PIB e 2,3% do total dos gastos
públicos, segundo o relatório Justiça em Números 2015, do Conselho Nacional de
Justiça. Mesmo assim, o Judiciário começou aquele ano com 70,8 milhões de
processos pendentes, número que cresce todos os anos desde 2009.
São números que mostram que, por trás do parco acesso à
Justiça no Brasil, há muitas histórias a investigar. É por isso que a Pública
lança hoje a sexta edição do Concurso de Microbolsas, convidando jornalistas a
propor reportagens sobre o sistema judiciário. Se você é jornalista
independente ou trabalha em uma redação, seja de qualquer lugar do país,
inscreva-se: está na hora de investigar o terceiro poder da República.
Com apoio do Instituto Betty e Jacob Lafer, vamos distribuir
bolsas no valor de R$ 5 mil para as cinco melhores propostas de pauta sobre o
tema. As propostas podem abordar todos os níveis do sistema judiciário,
incluindo as repartições federais, estaduais, militares, trabalhistas,
eleitorais, ministérios públicos, conselhos, defensorias.
As inscrições vão até o dia 29 de fevereiro e devem ser
feitas através deste formulário. Vale ler aqui também o regulamento.
As 5 pautas vencedoras receberão orientação e mentoria das
diretoras da Pública ao longo da apuração. No final, serão publicadas no nosso
site e na nossa rede de republicadores.
Desde 2011 promovemos concursos de microbolsas para
repórteres independentes. O projeto tem como objetivo fomentar o jornalismo
independente e investigativo no país, apoiando repórteres que nem sempre
encontram espaço nas redações para reportagens aprofundadas. Ao todo, as cinco
edições anteriores distribuíram R$ 89 mil em microbolsas e financiaram 20
reportagens.
Os microbolsistas passam por um processo de aprendizagem e
orientação no qual a estratégia de apuração e produção é acompanhada e
discutida com os editores da Agência Pública, visando a excelência da
reportagem proposta.
Três investigações realizadas através do projeto foram
premiadas: “Severinas”, minidocumentário de Eliza Capai, foi finalista do
Prêmio Gabriel García Márquez 2014; “Cadeias indígenas na ditadura”, reportagem
de André Campos, foi finalista do Prêmio Iberoamericano de Periodismo 2014; e
“Jovens negros na mira de grupos de extermínio na Bahia”, de Lena Azevedo,
recebeu menção honrosa no Prêmio Abdias do Nascimento 2013. Em 2015,
reportagens ganhadoras de microbolsas foram publicadas pelos jornais Zero Hora
(RS) e O Povo (CE).
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