Hélio Consolaro*
Dificilmente, o bebê fala primeiro papá. Às vezes, sim, se a
mãe chamar a comida de papá. E quando escapa vovô ou vovó, então, há uma festa.
Nem sempre o homem assume responsavelmente a sua
paternidade. Quando o faz, foi porque assim foi criado, teve um pai presente, o
exemplo veio do berço, por uma questão cultural, incluindo aí a religião.
Essa falta de responsabilidade do macho pela cria está no
DNA, é mais natural. Em nossa sociedade consumista, beirando o hedonismo, em
que a felicidade depende de cada um, isso se prolifera. O macho se encarrega de
proliferar a espécie, enquanto a fêmea se de cuidar da cria.
Isso, numa sociedade primitiva, rural, não traz nenhuma
complexidade, mas nessa realidade urbana em que criar filhos é oneroso, o pai
folgazão é um peso para todos.
Os governantes, conhecendo o comportamento masculino, nos
programas habitacionais de baixa renda, como Minha Casa, Minha Vida até 03
salários mínimos, implantaram a política habitacional de gênero, financiam a
casa para as mulheres, que são mães e não vão abandonar a sua prole como fazem
os pais que vendem a casa facilmente, anulando a ação governamental.
Num conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida, abaixo de
03 salários mínimos, há muitas marias, muitos meninos Deus e poucos josés.
Haverá pouco “Feliz Dia dos Pais”, raros presentes. Ou a galerinha tem pais
diferentes.
A manjedoura estará instalada, é todo o conjunto
habitacional, animais soltos nas ruas, muitas paternidades questionadas, como a
de José, Herodes querendo o controle da natalidade.
Essa precariedade da vida vem de há muito, muda-se o cenário
e o figurino, mas os dramas vividos no palco são quase os mesmos.
Então, parabéns a todos os pais, conscientes e
inconscientes, afinal, com ou sem responsabilidade, sem nós, a humanidade não
existiria. Há muitos pais, outros “paiaços”, como há muitas pais do gênero
feminino.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
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