Durante os sete anos que permaneci à frente da Secretaria
Municipal de Cultura de Araçatuba, como secretário, o tempo chuvoso deixa todos
com o nervo à flor da pele, pois todas as suas dependências são bem antigas. E
engenheiro e arquiteto não quer consertar, eles querem reformar tudo.
Primeira atitude foi designar um funcionário, com
gratificação, para cuidar da conservação dos prédios. Chovia, eu ligava para ele
imediatamente, solicitando como se comportaram os pontos críticos. Ele fazia a
ponte entre a SMC e a Smosp.
O telhado do teatro Paulo Alcides Jorge tinha uma ameaça
sobre o seu palco, chegou a jorrar água durante a chuva com espetáculo nele. Eu
passei a maior vergonha, estava na plateia.
Os profissionais da Prefeitura só me apresentavam soluções
com elevadíssimos custos, em torno de R$ 60 mil para o problema. E dinheiro?
Como não submeto à realidade, chamei um calheiro, expliquei-lhe o problema e
ele apresentou o orçamento.
O orçamento veio num papel sujo, de um profissional que
andava com as mãos sujas de tanto trabalhar. Olhei aquele papel com certo
cuidado, achando que iria encontrar uma cifra assustadora. E li R$ 350,00.
-Está feito! Pago-lhe à vista!
E foi assim que resolvi aquele problemão, não gastei R$ 60
mil. Depois, fui atacando devagar outros problemas do telhado, até trocar o
forro do teatro. Tudo assim, no baratinho.
Quando eu queria algo urgente da Secretaria Municipal de
Obras e Serviços Públicos, eu amanhecia lá, 6h30, chegava e esperava o secretário.
E assim acontecia também com o Museu Histórico-Pedagógico Cândido
Rondon, mas lá é um prédio tombado, tanto pelo município como pelo Estado de
São Paulo, não se mexe de qualquer jeito. Precisa de um projeto.
Assim, em 2015, começamos a montar um projeto de restauração
feito pela artista Rose Fávero, de Birigui. Como o dinheiro do Fundo Municipal
de Apoio à Cultura de Araçatuba tem permissão legal para aplicar verbas na
preservação da memória do município, pedi a reserva de R$ 350,00 para fazer uma
restauração (mais caro do que uma reforma) completa do prédio, desde a troca de
telhas, madeiramento, etc. E meu pedido foi aprovado. Quando saí da Secretaria
para ser candidato, estava na fase final, não houve prosseguimento, como
explicou Henry Mascarós, que fora nomeado secretário, assim ficou esclarecido
no jornal Folha da Região, edição de 18/01/2017, caderno Vida.
Se a atual administração se interessar em tocar o projeto para
frente, é só empurrá-lo, tem até dinheiro no Fundo. Dinheiro que não pode ser
gasto sem autorização do CMPCA. Basta apenas pegar as atas. A atual diretora de
Cultura, Salomé Macedo, entende bem disso, porque ela me ajudou a montar o
Sistema Municipal de Cultura de Araçatuba em 2009 e 2010, participando do conselho.
Tomara que a Marly Garcia faça essa restauração do museu.
Torço por ela.
*Hélio Consolaro, professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
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