Hélio Consolaro*
Estou acompanhando a polêmica da entrega das fraldas
geriátricas por parte da Prefeitura de Araçatuba e fico pensando quando
entrarei também na fila. A velhice chega para todos, até para os canalhas.
Nós já tivemos um prefeito que usava fralda geriátrica.
Havia a oposição maldosa que fazia chacota disso, não sabia ter ética.
Na época em que nasci, não existiam fraldas descartáveis
para crianças. Os cueiros eram confeccionados pela mãe, avó, etc. E poucos
envelheciam tanto que precisavam usar fraldas.
Atualmente surgiu um novo tipo de mulher na praça, as
chamadas “marias fraldão”, que fazem par com as “marias chuteira” e “marias
gasolina”. A “maria fraldão” arruma um velhinho por companheiro, procura ter
um filho com ele, para herdar sua aposentadoria. Cada um se vira como pode.
Minha mãe tem 91 anos, recebe a pensão de meu pai via INSS e
ajuda dos filhos. Podia muito bem se beneficiar da saúde pública na aquisição dos
remédios, das fraldas, tem perfil socioeconômico para isso, mas se nega. Não
sei se é orgulho ou dignidade.
Já lhe expliquei que não se trata de esmola, mas saúde é um
direito de todos, está escrito na Constituição de 1988 que criou o Sistema
Único de Saúde, o SUS. O atendimento é universal, não pode beneficiar apenas os
pobres, todos pagam impostos, mas de nada valem meus argumentos.
A Secretaria Municipal de Saúde precisa cadastrar os
beneficiados com muito critério para que não haja fraude, para ninguém pegar a
fralda para um parente morto, por exemplo; mas a Prefeitura não pode negar o
benefício para uma pessoa alegando que ela seja ”bem de vida”, porque a saúde é
um direito de todos.
Às vezes, o prefeito tem bons assessores, mas ele não escuta
ninguém, então, quase sempre monta num porco. Ainda mais que os palmeirenses
andam todos faceiros.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras
Um comentário:
Este, como disse o Obana, "Este é o cara!". Entende ate de fraldas, e segura a nossa atenção ao falar de "cueiros". Gostei!!!!
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