Hélio Consolaro*
O jornal Folha da Região, 12/03/2017, fez reportagem sobre a
situação do transporte urbano de três municípios da região: Araçatuba, Birigui
e Penápolis, revelando a precariedade. Quanto menor a cidade, pior a qualidade.
Usar ônibus para se mover dentro das cidades é uma
característica dos grandes centros, que neles o transporte coletivo se torna uma
necessidade.
A indústria automobilística nos ensinou que o transporte
individual, o carro por exemplo, é meio de transporte de “gente de bem”, quem
anda de ônibus é pobre, “os mais necessitados”. Desprezamos
a ferrovia em favor da rodovia.
Como é a gente miúda que anda de ônibus, os bacanas que
administram as cidades nem ligam em melhorar o transporte coletivo. A mudança do
pensamento de nossa elite dirigente a favor da equidade social (justiça social)
está muito lenta.
Ainda temos a mentalidade escravocrata de tratar os
trabalhadores, aqueles que realmente constroem as cidades, como gente da
senzala. Pôr ar condicionado nos ônibus, como os bacanas têm nos seus carros, é
um abuso.
Outro dia, num comentário da
notícia do site Política e Mais – “Buzão sem ar-condicionado e internet; TUA
segue por mais 6 meses”, a internauta Maria Festraits disse que não precisava de internet nos
ônibus porque cada um tinha sua operadora no celular.
Ela se esqueceu de constatar que para
usar a internet do celular paga-se, e caro, enquanto o sistema Wi-FI é gratuito
para o usuário, nem precisa ser filiado a uma operadora.
Não sei se era mesmo
desconhecimento técnico da internauta ou queria dizer que os usuários de ônibus não precisam ter esse luxo.
A saída para nossos problemas
urbanos é o poder público investir nos transportes coletivos, para que diminuamos
a poluição e organizemos melhor a mobilidade urbana.
Os xenófilos, que só tem olhos para
o estrangeiro e falam sempre mal do Brasil, acham o jeito novo de administrar
as cidades muito bonito quando viajam para Europa, Estados Unidos.
Voltando ao Brasil, quando algum
governante quer aplicar as mesmas coisas, respondem logo: "não mexa no meu
queijo! Lá é bonito, aqui é horroroso, ferem meus interesses".
*Hélio Consolaro é professor,
jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.
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