AGENDA CULTURAL

30.7.17

A música é sim um meio de vida

 A arte faz parte da economia do município, a "economia criativa". Gastar com cultura não é desmazelo com o dinheiro público.

Mário Carteado, cantor de barzinho, já recebeu o prêmio Odette Costa de 2015 da Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba na categoria
Hélio Consolaro*

Foi muito oportuna a reportagem do jornal Folha da Região, de 30/7/ 2017, assinada por Márcio Bracioli, que mostra a situação dos músicos, também em Araçatuba, com depoimentos de Fabiano Golin. Leia reportagem abaixo.
A música** Juliana Romão, também de Araçatuba, tem feito depoimentos eloquentes pelas redes sociais, reclamando da situação profissional e salarial dos músicos. 
Todos querem palhinha (cantar de graça), nem sempre a pessoa ou o empresário quer pagar o cachê. Organiza-se a festa, gasta-se com tudo, mas fica com avareza na hora de contratar o músico.
Nos restaurantes, lanchonetes e pizzarias sempre está o músico, nem sempre ouvido, outras vezes sendo apenas um componente do ambiente sonoro num cantinho. No intervalo, um menos avisado pergunta ao artista:
- Você trabalha onde? - como se promover o lazer, animar o ambiente não fosse um trabalho.
Às vezes, o músico já está com cabelos brancos, com 30 anos de carreira, mas aí o avarento diz:
- Sabe, o evento será uma projeção, você vai conseguir fazer sucesso. Vou lhe dar essa oportunidade.
Ou então a prefeitura da cidade paga horrores para contratar duplas sertanejas famosas, fazer rodeio, mas não passa um tostão para os músicos da cidade. Quando precisa, o prefeito ou o secretário quer que faça de graça. 

As prefeituras precisam gastar com seus artistas, porque é por eles que as cidades se projetam. A arte faz parte da economia do município, a "economia criativa". Gastar com cultura não é desmazelo com o dinheiro público.
Está aí a minha contribuição. Os músicos também precisam se valorizar, não ficar trabalhando de graça nos barzinhos. E também a sua associação de classe precisa ser mais dinâmica nesse sentido, sendo quase um sindicato.
**Música é feminino de músico. Musicista não é feminino de músico. Musicista, sinônimo de músico/música, é de gênero comum de dois que designa tanto o homem como a mulher: o musicista / a musicista. 
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário de Cultura de Araçatuba de 2009-2016. 
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Remando contra a corrente: Fabiano Golin 
fala dos 25 anos de sua carreira
Viver de música não é fácil. Quem já se aventurou nesse meio sabe que ele é restrito, difícil e nem sempre tão lucrativo. Mas há os heróis da resistência, que conseguem ultrapassar as barreiras físicas com ondas sonoras e converter os acordes em cifras. E não falamos de riqueza ou poder, mas sim de trabalho, o famoso ganha pão. Se você pensa que estou falando de algum integrante dos Rolling Stones ou do Bono Vox, olhe para o lado. Talvez haja alguém sentado perto de você que seja um músico experiente e orgulhoso e você nem saiba.
Isso só é possível porque esses músicos hábeis acabam tornando-se professores. É o caso do araçatubense Fabiano Golin, amplamente conhecido como Biba. De uma mão ágil e acordes límpidos na guitarra, ele acabou tornando-se fazedor de novos profissionais e amantes da música. Há 25 anos ele leva os ensinamentos da arte que é tão antiga quanto a humanidade. E com propriedade crava: "não existe educação musical decente nas escolas atualmente".
"Comecei por influência do meu pai, que também era guitarrista, e, como o via tirando músicas, fui pegando gosto. Quando ele percebeu, me colocou para estudar logo aos nove anos de idade. Foi então que comecei com violão clássico, com o José Calixto, em 1984, em Araçatuba mesmo. Fiquei por quatro ou cinco anos nesse estudo. Mas sempre tive interesse por guitarra", relembra.

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