AGENDA CULTURAL

3.9.17

Internos da Fundação Casa são casos perdidos?


Folha da Região: 03/09/2017
Fui convidado a palestrar aos internos da Fundação Casa de Araçatuba: tema, ética. É uma prática pedagógica da direção convidar gente da cidade para conversar com os internos. 

Nem ia escrever nada sobre o fato, pois não é a primeira vez que visito os meninos (outras, para falar de literatura), mas como surgiu a notícia da Folha da Região, reproduzida acima, estou aproveitando a oportunidade. Dessa vez, o companheiro de Rotary Almir Cavazzana me acompanhou até lá.

Tratei o convite como um troféu, porque raramente um militante político é convidado para falar de ética nalgum lugar. O campo da política anda minado. Meus agradecimentos à direção da Fundação Casa.

Quando contei sobre a minha ida à Fundação Casa aos meus amigos e souberam do tema, alguns disseram: "Foi jogar pérolas aos porcos?". Segundo eles, os meninos já estão mesmo perdidos. Preferem a pena de morte, é melhor matar e não ter mais dor de cabeça. Parabéns ao supermercado acolhedor que pensa diferente. 

Eu sou cristão, acredito na conversão das pessoas que pode acontecer minutos antes da morte. Nenhum jogo está perdido, aliás, os internos são mais frutos de nossos pecados do que os deles mesmos.

Expus o tema de forma breve durante a palestra, fizeram perguntas, até complicadas, mas não fugi de nenhuma delas. E deixei bem claro que estavam internados, num trabalho de reeducação, porque não seguiram os princípios éticos de nossa sociedade. 

Tais princípios são certos ou errados? Não sei, é o que temos para o momento. A sociedade pensa que prender vale a pena.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.


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