AGENDA CULTURAL

13.3.18

Ler sempre vale a pena



Júnior Salvador*

Quando eu tinha sete anos, fui apresentado por meu irmão a minha primeira revista em quadrinhos. Daquele dia em diante a leitura passou a ser parte integrante da minha vida. Além de me perder por entre aquelas histórias fantásticas, o que mais me deixava feliz era o ritual da leitura. Íamos juntos até à banca de revistas, entrávamos em um acordo sobre qual quadrinho comprar e, depois, com nosso tesouro em mãos, voltávamos para casa, onde líamos de maneira alternada. Por fim, sentávamos diante da televisão e discutíamos aquelas histórias como se fôssemos experts em qualquer coisa, de artes marciais à física quântica.

Aqueles simples fatos mudaram minha vida e foram determinantes para tudo o que se sucedeu. Mas você já parou para pensar em quão importante a leitura pode ser para a sua vida e a das pessoas que estão próximas.

Não são poucos os profissionais que indicam a leitura como forma de ajudar no desenvolvimento das crianças. Além do estímulo à imaginação, a leitura também aguça a curiosidade e ajuda no desenvolvimento da linguagem dos pequenos. Quando elas ainda são bastante novas, a dica é procurar livros leves e adequados para a idade, nos quais quase sempre a criança pode reconhecer nas ilustrações coisas próximas a ela. Assim como aconteceu comigo, o hábito de contar histórias pode ser uma excelente forma de criar laços entre os membros da família.


Quando se chega à adolescência e caminha-se para à vida adulta, os vestibulares exigem cada vez mais conhecimentos gerais acerca de política, economia e relações sociais. Aí o conhecimento adquirido com a leitura mostra sua força. Depois disso vem a faculdade, onde aqueles que já possuem o hábito de ler tendem a enfrentar menos dificuldades, ante aos diversos livros indicados pelos professores. Por fim, na busca por um emprego, o leitor assíduo sai na frente mais uma vez, pois a leitura tem a capacidade de aprimorar o vocabulário, tornar o raciocínio mais dinâmico e melhorar a capacidade de interpretação. Todas estas características muito bem quistas pelos empregadores.

Por fim, chegamos à velhice e, quando achamos que finalmente iremos parar de ler, é aí que a leitura se torna ainda mais importante. Não é segredo para ninguém que a terceira idade pode trazer declínios cognitivos consideráveis, como a perda de memória e a diminuição da compreensão da linguagem. O que se sabe também, por outro lado, é que a leitura é uma ótima forma de manter o cérebro recebendo estímulos constantes, inclusive com o nascimento de novos neurônios. Assim, um livro pode ser ótimo remédio para ajudar a prevenir, retardar ou combater doenças neurológicas como o Alzheimer, por exemplo. Por isso, meus amigos, a leitura sempre vale a pena.

Se não bastasse, quanto mais você lê, maior será a sua capacidade de refutar qualquer informação recebida de maneira crítica. Com o passar do tempo, sua postura ao ler um texto torna-se mais ativa, de modo que, com o senso crítico mais apurado, é sempre mais fácil decidir o que é válido ou não no que se está lendo. Você pode, por exemplo, discordar de tudo que foi escrito aqui. O importante, entretanto, não é que você concorde com tudo, mas sim que tenha plena liberdade para analisar e aceitar o que entende correto, rejeitando o que lhe parece equivocado. A leitura nos liberta das amarras da aceitação.



Diante disso, meus amigos, meu pedido é: ajudem a formarmos mais leitores! Leia para seus filhos; leia para seus avós; leia você mesmo; e, da próxima vez que der um presente de aniversário, junto daquele aparelho celular de milhares de reais, acrescente um livro de bolso, daqueles que não custam nem quatro litros de gasolina.

*Júnior Silva é escritor, formado em Letras pela Unesp. Membro da AMOLIVROS, Araçatuba.

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