Hélio Consolaro*
Eleição, em qualquer nível: municipal, estadual ou federal, significa políticos no cio. O candidato vai na frente e o povo vai atrás como cachorros seguindo a cadelinha. Cioso por votos. Quando não, os assessores, futuras despesas ao erário público, em caso de vitória.
Em ano eleitoral, os políticos ficam vivazes, arrumam jeito para juntar eleitores, montar palanque. Ainda mais nestes tempos em que dizer que é candidato é quase um crime.
O presidente da Câmara de Araçatuba, Rivael Papinha (PSB), tratou de montar festividades para comemorar os 70 anos do Poder Legislativo. Na abertura, os vereadores atuais rasgaram seda para o pré-candidato a deputado federal. Escolas visitaram o Palácio 9 de Julho durante a semana, e o Papinha na recepção às caravanas com um largo sorriso.
Não há neutralidade. Se vota branco, beneficia indiretamente isso, se anular o voto, aquilo. Então, eu sigo o conselho de um amigo que diz não haver jeito de fugir da manipulação, somos incondicionalmente marionetes. Então, esse meu amigo pelos menos exerce a liberdade de escolher o seu manipulador.
Um filósofo escreveu que é na política (com ou sem democracia) onde a tragédia humana se revela com maior força. A guerra nasce da política, a distribuição de renda também.
A hipocrisia, então, grassa na política assustadoramente. Faz-se de morto para surpreender o coveiro. Se o sujeito for um cidadão comum, um pum é um pum, se for político, a flatulência passa a ser um estrondo.
A estrada da vida é isso mesmo, apenas devemos passar por ela com a humildade de significar pouca coisa, procurando dignificar de alguma forma a espécie humana.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
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