
Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-RJ
Provavelmente, emissores de tais mensagens passaram por dificuldades extremas na vida, quase a perdendo, daí a necessidade de louvar cada dia vivido.
Não desprezo tais mensagens, mas elas não me fazem falta. Talvez, eu não tenha a sensibilidade de compreendê-las. Apesar de não ser ateu, sou místico, não fico dizendo o nome "Deus" por todos os dias, não uso seu nome em vão.
Lendo o livro "Tempo de migrar para o norte", do escritor sudanês Tayeb Salth, depois de muito caminhar pelo deserto, o narrador, diante dos dias tórridos disse: "Aqui o dia carece de valor" para se chegar até a noite, a salvação dos caminheiros. Para eles, cada dia não é apenas um número no calendário, é ter vivido mais um pouco, sobrevivido às agruras.
Acordar de manhã, puxar o fôlego, não é igual para todos os seres humanos. Alguns agradecem por mais um dia a ser vivido; muitos pensam apenas nas obrigações a serem feitas, nem sabem porque vivem; outros maldizem que ainda estejam vivos.
Nunca conseguimos desprender de nosso intelecto, ele vive martelando o dia inteiro a nossa cabeça e na noite ressurge de forma ilógica pelos sonhos; talvez sejamos uma mentira, a gente aparece e desaparece e os pensamentos só serviram para a gente passar o tempo, mas como escreveu Tayeb Salih, que nossas mentiras sejam fabricadas por nós mesmos.
Valorizar o dia, viver o agora, não ficar apenas olhando para o passado, nem esperar muito do futuro. Talvez seja essa postura ideal do caminheiro pelo deserto da vida.
Um comentário:
Muito Bom Hélio! Um grande abraço meu querido!
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