* Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro das academias de letras de Araçatuba-SP, Andradina-SP e Itaperuna-RJ.
Outro dia, uma amiga escritora lançou um livro, encheu o recinto de amigos que declararam no microfone seu amor por ela.
Alguém lhe sugeriu que desse uma indireta no convite: "conto com sua presença, sem a obrigatoriedade de comprar o livro", mas ela não quis seguir o conselho, acreditou no amor dos amigos e danou-se.
Aquele amor de mostrar um sorriso, mas nada de enfiar a mão no bolso para comprar um livro. Então, com tanta gente, conseguiu vender apenas 30 exemplares.
Certamente o amor dos presentes era platônico, não se manifestava em tirar R$ 40,00 para adquirir um exemplar do livro. Esse amor não me serve, dispenso-o. Amor= coração, dinheiro= cofre. O dinheiro não é coisa do diabo e hoje "vender alma pro demo" é apenas uma força de expressão. Quem ama uma pessoa, ou as pessoas queridas, não as deixam passar necessidade, enfia mão no bolso, passa o cartão na maquininha e ajuda.
A pessoa diz: "Gosta da igreja", mas não paga o dízimo; pertence a a um partido, mas não quer paga a mensalidade; gosta das letras, mas nunca compra um livro; adora tal cantor, mas pirateia suas músicas.
Ninguém nasceu assim, a família, [às vezes] formam pessoas boas; [outras] criam tranqueiras, gente egoísta, porque nossas crianças imitam os pais, a gente adulta. E nós não somos aquelas coisas. Há um padre cantor que afirma: se os jovens estão vazios é porque nós, adultos, não estamos transbordando.
Em nossa cultura católica cristã, com espírito medievalesco até hoje, o dinheiro é maldito. Os ricos estão condenados ao fogo do inferno. Já caí nessa esparrela, hoje tenho mais cuidado para não julgar ninguém.
Basta ler as biografias dos santos, principalmente os da Idade Média, eram ricos, distribuíram suas riquezas e foram cuidar dos pobres. Um exemplo é São Francisco de Assis, meu padroeiro.
Os evangélicos não têm essa paúra com dinheiro. A riqueza é uma bênção dos céus, basta administrá-la em favor da fé. É que eles são frutos da transformação sociopolítica, surgidos com capitalismo.
Há pessoas que condenam os pastores pela exigência do dízimo. Não precisam agir com tanta voracidade, mas quem acredita na sua igreja contribui. Afinal, para que ela funcione, há muita coisa a pagar.
Então, caro leitor, precisamos pôr um pouco de amor no cofre e dinheiro no coração.
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