*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP
Quando o livro "Voragem" chegou, li a nota da quarta capa, me lembrei do filme "Império dos Sentidos", 1976, drama erótico, com direção de Nagisa Oshima. E por ser um livro da literatura japonesa, me agradou, porque meus filhos e netos são nisseis e sanseis.
E assim entrei em suas páginas e quase o li num só fôlego. Descobri depois que a trama amorosa narrada por Junichiro Tanizaki se inspirou em experiências de sua terceira esposa Nezu Matsuki.
Tanizaki escreveu o romance numa época em que o Japão começava a se ocidentalizar, e este gênero literário é a expressão de mundo novo que vem chegando para aquele país.
"Sua obra de juventude revela forte influência de Poe,
Baudelaire e Oscar Wilde. A partir de 1923, deixou-se absorver pela cultura de
seu país e abandonou a inclinação ocidentalizante, vivendo nesse momento uma
crise intelectual e emocional que contribuiu decisivamente para torná-lo um dos
nomes centrais da literatura japonesa do século 20."
Junichiro Tanizaki |
Para um livro publicado em 1931, cujo tempo da narrativa está em 1920, o tema é bastante avançado, quando não existia ainda geração de 1960 para viver abertamente o amor livre. Na sua trama, o autor deixa como subtexto que o amor pode ser livre, sem a estrutra hierárquica dos haréns, mas exige fidelidade, pelo menos periódica, porque no final o tripé Sonoko Kakiuchi, Mitsuki Tokumistu e Koutaro Kakiuchi que antes viveram um mundo sórdido, cheio de mentiras, obsessões e juras de amor dramático da narrativa acabam nas últimas 30 páginas numa "viragem" total, culminando com a "voragem".
O parágrafo seguinte de Nicolas Gattig revela como Junachiro Tanizaki foi e é visto pelo Japão, contaminado pelo moralismo burguês:
Um comentário:
Fiquei interessada nessa obra. Parece bem ousada.
Postar um comentário