AGENDA CULTURAL

4.11.18

Discorde de mim, sem xingamentos, com educação


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Não sei como você lê seus livros, caro leitor. Mas não se afobe, caso não seja chegado a eles, pois não são a única fonte do conhecimento.

Passo pelos livros grifando frases, fazendo chaves, colocando pontos de interrogação. Essas anotações têm o nome de apostila. 

Durante as últimas eleições, paralelamente, eu lia "Rumo ao Sul", de Silas House, da literatura norte-americana, em cujo enredo se envolvia o evangelismo. A leitura do romance ia jogando luz na leitura da realidade brasileira atual.

De repente, apareceu a frase dizendo que o verbo "odiar" é muito pesado para ser dito por quem acredita em Deus ou por qualquer pessoa. Tirei os olhos do livro, abaixei-o no meu colo e fiquei pensando se algum dia eu tinha usado tal verbo.

Nunca disse, nem quando era criancinha, "Eu odeio você!", por exemplo. Aliás, esse verbo nunca fez parte do vocabulário de meus pais e irmãos. Eu não tinha quem imitar para dizer verbo tão destruidor. 

Não sou perfeito, tenho virtudes e defeitos. Aliás, gosto mais destes do que daquelas, porque eu me diferencio dos outros pelos meus defeitos. Eles são sinais fortes da personalidade de uma pessoa.

Penso e leio bastante. Quem já leu a crônica "A pipoca", de Rubem Alves? Eu me avalio como a pipoca estourada, não sou um piruá. Passei pelo fogo transformador. 



Assim, fico tentando compreender a todos, mas querendo imitar Deus, nem ligo para desaforos. Procuro não tratar ninguém como estranho. Sim, tenho lado, mas me esforço para entender o outro.

Não entro em página do Facebook de ninguém para combater o outro nos comentários de sua postagem, apenas divulgo notícias e minhas crônicas nos grupos dos quais participo. Há gente graduado perdendo a compostura, às vezes, amigos. Amigos?

Os xingamentos, aquela falta de educação, feitos em minha página, eu os deleto. Discorde de mim, mas com fineza, educação. Não sou nenhum maioral, quero apenas respeito como merecem todas as pessoas. 

Para dizer que não falei dos companheiros, há gente com quem ombreio teses que são também uma chatice, grosseria pura. Não lhes dou razão, sou responsável por mim em todas as instâncias.

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