*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Araçatuba tem um lugar chamado Zoológico Municipal Flávio
Leite Ribeiro. O seu patrono era um advogado que criava leões em sua propriedade,
naquela época em que podia tudo.
O então prefeito Sílvio José Venturolli criou o zoológico
numa canetada, pois na época em que podia tudo, nem havia normas para se criar a
prisão dos animais. Aí, o Dr. Flávio deu os leões (e mais alguns bichos)
para o município que, na verdade, foi um presente de grego. Haja carne! Mas
naquela época em que podia, jogavam-se gatos e cachorros nas jaulas.
No folclore político recente, o ex-prefeito Cido Sério
nomeou um sujeito diferente para chefiar o zoológico; o cara era vegetariano.
Quase matou os leões de fome, pois ele só dava alface para as
feras.
Voltando ao passado remoto. Aí foram se juntando os animais
no espaço meio urbano, meio rural que foi doado por Dona Ida. Até circo andou
largando animais por lá, mas na verdade os animais predominantes atualmente são
os remanescentes de nossa fauna: macacos, quatis, antas, araras.
Os mais velhos chamam aquele espaço de “Bosque”, que
era o seu nome inicial, mas o costume é chamá-lo de zoológico. Nos meios
oficiais, técnicos, é um parque com animais remanescentes de nossa fauna. Os exóticos foram morrendo...
Mas as escolas particulares de Araçatuba não gostam do
Zoológico Municipal, lazer de pobres. Elas fazem excursão com seus alunos para
o Zoológico de Bauru que cobra ingresso, tem animais de várias espécies e é bem
mais maquiado.
Não gosto de animais presos, por isso sou presidente da
Associação de Criadores de Pardais. Ninguém cria tal espécie em gaiolas. Os
passarinhos soltos enfrentam o veneno do agronegócio, que é um problemão, mas é melhor morrer livre.
Vou dar uma sugestão a quem gosta de visitar zoológicos (ou levar alunos), que levem os animais para
visitarem as prisões de gente (cadeias) num passeio dominical. Essas superlotadas. Os bichos vão
perceber que recebem um tratamento diferenciado, de cinco estrelas.
E depois da leitura desta crônica, leiam também o Sermão da Montanha. Como somos hipócritas... Fazer o quê? Somos também humanos.
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