AGENDA CULTURAL

10.7.19

Mediram a ignorância na sociedade? - Alberto Consolaro

A pesquisa analisou o pensamento dos jovens brasileiros sobre a importância da ciência em suas vidas

A causa de todos os males é a ignorância. Dela nasce a intolerância, egoísmo, racismo, violência e vingança. Os ignorantes ficam soberbos e odeiam os cultos confrontando desrespeitosamente os professores, intelectuais, artistas e jornalistas, chamando-os de privilegiados.

Ditadores são ignorantes, pois sabem que não conseguem vencer pelo argumento e coerência de suas ideias, precisam impor manipulando e subjugando as pessoas pelo medo, mentira e perseguição dos que discordam de suas atitudes.

O debate das ideias, a discussão dos fatos e a possibilidade de que sua ideia não seja dominante, aflige ao extremo o ignorante. Falta-lhe inteligência e raciocínio para o debate, fazendo-o gritar, humilhar, ironizar aquele que disse o diferente! 

Geralmente o ignorante é corajoso e valentão, especialmente com aqueles que sabe ter menor poder de reação, ou seja, com os mais fracos. O ignorante foge do debate franco e da exposição de ideias, sem conseguir articular seus argumentos, não sabe convencer pelo conhecimento, pois não o tem!

O contrário de ignorante é aquele que sabe, reflete e aprende desde cedo a viver com o diferente e o contrário. Se aprende isto no meio familiar e social em que se vive, especialmente da escola. É importante a escola onde se viva com os diferentes e não apenas com os que pensam, vestem e se comportam como a família e os amigos associados a ela. Os que vivem com os iguais desde cedo, tendem a ser intolerantes com os diferentes a medida que crescem, uma tendência muito natural.

A escola, em todos os níveis, deve fornecer bases da ciência, pois ela amplia horizontes, aumenta a tolerância e treina argumentar com dados e coerência, inserindo uma ideia de vida multifacetada. Se deve ensinar desde cedo o que é ciência, o que é pesquisa! Não devemos replicar opiniões, mas mostrar os critérios e métodos que constroem e conferem o conhecimento velho e novo!

MEDIDAS
A ignorância tem que ser combatida, pois é a mãe de todos os males! Analisemos o resultado de uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública e que ouviu 2.200 jovens entre 15 a 24 anos, entre março e abril, em 21 estados e no distrito federal. Destes, 87% não conseguiam citar uma única instituição nacional de pesquisa e 93% não souberam dizer um nome sequer de um cientista brasileiro!

Incrível, 40% dos jovens não concordam que humanos descendam de outros animais como revelou Darwin ao mundo. Mais chocante: 25% acreditam que vacinar crianças possa ser perigoso! Os assuntos que mais interessam aos jovens são 80% meio ambiente, medicina e saúde 74%, religião e ciência vem depois, ambas com 67%. Dos jovens, 60% não sabem que os antibióticos não atuam nos vírus, e ainda, 40% concordaram com a afirmação de que, “se a ciência não existisse, meu dia a dia não mudaria muito”!

A pesquisa revelou que os jovens não acreditam que recebem notícias falsas pela rede. Para se atualizar ou informar-se sobre ciência eles usam Google, Youtube, WhatsApp, Facebook e Instagram. As fontes de informações mais confiáveis para eles são os professores, médicos e cientistas das universidades publicas, mas em seguida vem os jornalistas. Nos políticos, 81% não confiam e 35% desconfiam dos artistas.
Os jovens revelaram que jornais, televisão, rádio e revistas leigas ou científicas não são lidas por eles. Sobre a ciência e a pesquisa não tem qualquer paradigma, exemplo ou modelo para seguirem! Pode até parecer incrível, mas a quantidade de pessoas que não acreditam na evolução biológica do homem a partir de outras espécies e que acham que a terra é plana é muito grande entre nós.

POR FIM
A ignorância é o celeiro da intolerância, preconceito, racismo, violência, grosseria e da falta de consciência com o planeta, via preservação do meio ambiente. Sobre sua pesquisa, Luisa Massarani da Fundação Oswaldo Cruz, disse: “é importante entender a percepção dos jovens, porque eles são nossos futuros cidadãos.”

E isto me fez pensar: - e se a pesquisa fosse feita paralelamente com os pais, quais seriam os resultados?
Resgatemos nossa esperança, amém!

Alberto Consolaro
Professor Titular da USP
em Bauru-SP
Observatório
ALZHEIMER 1 – Os problemas com o sono surgem muitos anos antes que a demência se torne aparente e as pesquisas buscam saber se é um sinal prévio confiável do Alzheimer. Publicação na “Science” revelou que as proteínas relacionadas à doença como a beta-amilóide e a tau se acumulam mais no cérebro de ratos e humanos quando dormem mal e que os níveis das mesmas caem durante uma noite bem dormida, embora o acúmulo que gera a doença seja a longo prazo. Devemos cuidar desde cedo com a qualidade de nosso sono!

ALZHEIMER 2 – Estudo do Instituto Nacional do Envelhecimento nos EUA descobriu que pessoas com “sonolência diurna excessiva” com idade média de 60 anos, tinham 2,75 vezes mais chances de ter placas da proteína beta-amilóide no cérebro depois de 16 anos. Outro estudo, revelou que a redução da fase profunda do sono também está associada a um aumento da proteína tau e da beta-amilóide, sugerindo que dormir mal acelera o aparecimento da doença. Cada vez mais, dormir bem parece uma forma de evitar o Alzheimer.


Parte Superior
ADEUS AO MESTRADO?


A USP propôs um novo modelo de pós-graduação! O mestrado seria apenas o primeiro ano do doutorado, quando o orientador decide se a pessoa passa para a próxima fase. No final de quatro anos se obteria o título de doutor. A ideia é abreviar o tempo de formação de doutores e que as pesquisas sejam mais relevantes. Agora a Capes avalia a proposta. Aguardemos!

Nenhum comentário: