AGENDA CULTURAL

29.8.19

Larguei o fake de lado - Fátima Florentino


Deixei de assistir aos telejornais e ler alguns jornais impressos, como fazia diariamente, há algum tempo. E não me arrependi. As notícias estavam me deixando muito tensa, preocupada, desanimada e, até mesmo, depressiva e triste. Eram tragédias de todos os tipos e gostos: econômica, política, social, policial, ecológica, etc. Uma atrás de outra, sem trégua.

Comecei a dedicar meu tempo livre à internet, interagindo em redes sociais, trocando ideias, informações e por algumas vezes, compartilhando as postagens que eu acreditava fossem curiosas, engraçadas, importantes ou de interesse comum.

Eis que chegou a eleição do ano passado e o que vimos nas redes sociais foi uma verdadeira guerra, com brigas, agressões e intolerância de todos os lados. E não se admitia uma “pessoa neutra” – ou você apoiava o partido X ou o Y. “Como assim, não está de lado nenhum? Isso não existe. Você precisa se posicionar.”  Pessoas ofendendo umas às outras, brigando e terminando amizade (até antigas) por conta de divergência de opinião. A falta de respeito imperou.

Não bastasse todo esse ambiente hostil, ainda começaram a divulgar os famosos “fake News”. Eu já não sabia o que era verdade e o que era mentira. Bombardeada de informações por todos ao lados, me senti acuada, com medo e angustiada, sem saber em quem e em o que acreditar. 

Pretendia me afastar de tudo, mas pensei comigo que seria uma grande covardia de minha parte. Refleti e sabe o que fiz? Me informei com um técnico de confiança sobre algum site em que eu pudesse pesquisar e confirmar a veracidade de cada notícia recebida. E assim, quando descobria que uma delas era falsa (sem me importar se era sobre o candidato X ou Y), procurava alertar o amigo que havia postado: “não compartilhe, isso é fake News”. Sabe o que consegui? Arrumar muita confusão e inimizade. Se o fake era contra o candidato X, era porque eu estava a favor do Y. E vice versa. O diálogo estava impossível.

Desisti. 

Refleti sobre o que fazer com este tempo que eu teria “à toa”. Eis que me lembrei que tinha um TCC para terminar e encerrar o Curso de Gestão Empresarial. Trabalhei nisso, pesquisando, lendo e estudando muito. Terminei e me formei, com muito orgulho. 

A eleição também chegou ao seu final.  
Depois disso, dediquei este precioso tempo que me sobrava, para leitura e correção de alguns textos, produzidos e ainda engavetados. 

Em julho, prestei outro vestibular e agora comecei mais um curso, de Letras. São mais quatro anos ocupados, sem tempo para mais nada.

Enquanto estou aqui, em meio a matéria para estudar e vídeos aulas para assistir, as redes sociais continuam em guerra. Sim, acreditem, eles ainda estão engalfinhando-se nas redes. Um horror. 

Ainda bem que não tenho mais tempo para isso. Sobra-me muito pouco tempo e este pouco que me resta é para tomar uma gelada com os amigos, acompanhada de um bom tira-gosto, uma boa música e conversa fiada.

*Maria de Fátima Florentino, coordenadora do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras

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