AGENDA CULTURAL

14.9.19

Morreram sem atendimento num hospital de alto padrão. Que sina!

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Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Se você, caro leitor, não estiver por dentro do incêndio no Rio de Janeiro em hospital de referência (no estado brasileiro em que tudo acontece), veja o resumo da notícia depois desta crônica, nesta página. 

Não estamos numa estação chuvosa (14/09/2019 - inverno, mas quente), tudo anda meio ressecado, até os nossos corações, então, o fogo se alastra facilmente, por meio de incêndio e por tiroteios.

Diziam os antigos que se o mundo havia terminado em dilúvio, em aguaceiro geral, com o Noé recolhendo exemplares de animais numa arca, a próxima vez o mundo terminará em incêndio. E parece que está próximo.

Pelos rostos das vítimas e dos familiares desesperados, o Hospital Badim não atendia pelo SUS. Apesar de estar instalado em prédio grande, possuía apenas 103 leitos.

Como pessoa que defende os direitos humanos, não vou classificar as pessoas pelas classes sociais, minha ideologia não permite. Qualquer pessoa precisa ser respeitada, socorrida, independente de seu status, elite ou ralé, até meus adversários.  

A situação criada pelo incêndio no manicômio criou um paradoxo. O hospital é o último recurso, mas quando o fogo invade justamente ele, matando pessoas que procuraram o último recurso? 

Já estavam num hospital de alto padrão. Morreram porque os aparelhos foram desligados. Ou saíam de lá ou os pacientes morriam carbonizados. É a limitação humana que se revela na última instância.

Participantes de uma civilização judaico-cristã, sempre queremos descobrir culpados. Talvez a culpa seja de todos nós, do modelo de viver que adotamos. Em vez de culpados, vamos resolver nossos problemas.

Incêndio no Hospital Badim: vítimas morreram por asfixia e desligamento de aparelhos


A direção do Hospital Badim – atingido por um incêndio na noite desta quinta-feira (12) – afirmou nesta sexta (13) que os bombeiros encerraram, no fim da madrugada, as buscas por mortos. Ao menos 11 corpos – todos de pacientes e idosos – foram retirados.
Por volta das 15h desta sexta, o diretor do hospital, Fabio Santoro, afirmou que o incêndio deixou 11 mortos. A mesma informação foi dada pela Defesa Civil, ainda durante a madrugada.
No início da tarde, no entanto, a Polícia Civil comunicou que 11 corpos estavam no Instituto Médico Legal (IML).


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