AGENDA CULTURAL

22.11.19

A teimosia de Evo Morales

Fuente de la imagen: Bolpress

Hélio Consolaro é jornalista, professor e escritor. Araçatuba-SP

Dizem que o mundo é feito por ondas. Rádio, wi-fi, bluetooth, para ficar em nosso cotidiano, mas não são destas ondas que vou escrever hoje.

Estamos mesmo interligados. Os peixes, pela água; e nós, pelo ar. Os fatos acontecem bem longe e ligam as coisas onde estamos. "Tudo muda o tempo todo no mundo / Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo", canta Lulu Santos. 

As massas estão se rebelando pela América Latina, como se um país tivesse inveja do outro e também fizesse a sua rebelião. Os navios negreiros estão em turbilhão nas ondas do mar.

A gente classifica cada rebelião de direita, esquerda, mas as ondas não estão nem aí com as nomenclaturas, elas querem existir. E há timoneiros que se atrevem a comandar as massas.

Evo Morales, cara que quis ser presidente da Bolívia para renovar, fazer diferente, foi eleito  pela quarta vez, fazia um bom governo, mas os bolivianos não aguentavam ver o sujeito pela televisão todos dos dias, toda hora. "Queremos novidades!"

Alguém se levantou contra ele, não reconheceu a eleição para o seu quarto mandato. Se Evo Morales tivesse aceito a sugestão da OEA, tudo seria diferente, mas se achou Deus. 

"Sou presidente e pronto!". Acendeu o estopim das massas. Multidão nas ruas. Ele renunciou, saiu do país, pelo asilo ao México, mas a briga continua. Meu raciocínio parece bem simples, pois não adianta complicar, buscar socorro nos chavões.

Não estou defendendo Evo Morales, sou contra o caudilhismo, tanto de esquerda como de direita. Ele perdeu o rumo, se encantou com o poder, foi picado pela mosca azul.

Para ganhar o quarto mandato, precisou do apoio da direita. Veio até prestigiar a posse de Bolsonaro. Assim, conservadores disseram: "Ora, se ele precisa da gente, tomemos o poder dele, temos força suficiente". 

Evo Morales está no bem-bom no México, enquanto o povo se dana. Melhor era ficar preso, como aconteceu com Lula que nem no auge da ditadura militar optou pelo exílio.

"A vida vem em ondas como um mar / Num indo e vindo infinito". Deus não joga dados, mas caminha sobre as ondas. 

Nenhum comentário: