Hedy Lamarr e a capa do livro |
A leitura do livro "A única mulher", da autora norte-americana Marie Benedict, é uma necessidade para os tempos atuais no Brasil que é governado por pessoas que preferem plantar cenouras, rabanetes e outros legumes no lugar dos jardins. Desprezam a arte.
"A única mulher" é mais livro de biografia e menos de ficção. A narradora é a personagem biografada, os nomes fazem parte da história da humanidade.
Hyde Kiesler era uma austríaca, judia, que, por quatro anos, foi mulher de um fabricante e comerciante de armamentos para Mussolini, Fritz Mandl. Ele o fez abandonar sua carreira de atriz de grande sucesso na Áustria. Trancando-a na prisão do casamento.
Na condição de mulher que enfeita o marido, participou de reuniões de nazistas e fascistas. A história se passa de 1933 a 1942, no ninho do surgimento de governos autoritários na Europa e início da Segunda Guerra Mundial.
Qualquer semelhança dessa fase do livro com o Brasil atual não é mera coincidência. Muitas reuniões e falas dos armamentistas da época se repetem na política brasileira hoje.
Marie Benedict - escritora |
Mas Hyde Kiesler fugiu literalmente das prisões do casamento, atravessou o oceano, indo morar nos Estados Unidos. Ela intuiu a tragédia que ia cair sobre a Europa. Lá, ela deixou de ser Hyde Kiesler para ser uma grande atriz de Hollywood, Hyde Lamarr.
Mas ela não era apenas uma bela mulher desejada pelos homens, a inteligência também morava em seu belo corpo. Hyde Lamar torcia para que os Estados Unidos interviessem na guerra para que a Europa se livrasse de Hitler, por isso, juntamente, com o músico compositor George Antheil (autor de Balé mecânico), apresentou um invento, que serviu de base para o celular de hoje, para soltar torpedos a distância, mas o exército norte-americano não acatou a sua invenção por ser mulher. O machismo permeava também a democracia.
Eis o que uma pessoa do exército, alta patente, lhe disse, depois de ela lutar pela audiência e ter esta resposta:
"Essa não é a única razão pela qual decidimos recusar sua proposta, srta. Lamarr. Contudo, já que tocou no assunto, devo admitir que seria difícil para nós convencer nossos solados e nossos marinheiros a usarem um sistema de armas criado por uma mulher. E não vamos tentar."
O livro "A única mulher" faz parte do clube de leitura da TAG Inéditos (em parceria com a editora Planeta), tradução de Isadora Prospero, mês de junho de 2019, 317 páginas, excelente encadernação.
Livro de leitura fácil, mostrando a vida interior e exterior da mulher. "O livro é um testemunho importante da marginalização das contribuições de mulheres históricas, tanto em sua época como posteriormente".
Entrevista esclarecedora (áudio)
Resenha em videoclipe
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