AGENDA CULTURAL

18.12.19

Cartão de Natal

https://www.apbp.com.br/produtos/?tipo=1 
Estampa do cartão recebido 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Não sei se você, caro leitor, andou recebendo os tradicionais cartões de Natal neste final de 2019. Em épocas passadas, eu gastava um bom dinheiro para remetê-los e recebia milhares deles. A elegância era tanta que muitos deles retribuíam o recebimento de meus cartões.   

A mão de obra era muita. Subscritar envelopes, inserir o cartão neles, ir ao correio para despachá-los. Até as crianças da casa entravam no mutirão. Eu fazia tudo aos montões porque estava na atividade política. Ouvia muitas frases:

- Voto no senhor porque todo ano recebo o seu cartão de Natal!

A atividade de expedir cartões aos montões até perde a poesia, mas para quem recebe, pelo menos um cartão, nem que seja de um político, a subjetividade é intensa. Não havia internet. E um telefonema era mais caro do que uma postagem nos Correios.

Neste 2019, recebi apenas um cartão de Natal, entregue em mãos pelo próprio emitente. Estávamos numa reunião da coordenação do Grupo Experimental (reúne escritores) e a sua coordenadora, Fátima Florentino, como uma pastora que gosta de apascentar suas ovelhas, entregou um cartão para cada membro com mensagem especial.


Como todo escritor é meio saudosista e coração sensível,  o cartão valeu mais que a troca de presentes. Alguém perdeu o seu tempo para me redigir uma mensagem. Pouco? Não. Significou muito.

Com certeza, muitos cartões digitais e muitas mensagens circularão pelas redes sociais. Com certeza, nenhuma suplantará o meu por causa da mídia usada (de papel). Sem falar que a estampa foi pintada com a boca, porque o autor não tinha as mãos.

Não é possível, caro leitor, mandar-lhe cartão tão especial; mas posso desejar-lhe neste Natal, nessa mudança de ano aquela mudança: seja o personagem principal de sua própria vida, não vá pela cabeça dos outros. 

E, se possível, coloque o Evangelho para iluminar tudo isso. 

Um comentário:

José hamilton brito disse...

Cumprimento-o pelo cartão e pela crônica. Com estes infernos de WhatsApp. Facebook, a gentileza dos cartões e telefonemas caíram em desuso, esfriando as relações entre a gente O que fazer se a modernidade ordena as nossas ações....Fatinha é uma só.