AGENDA CULTURAL

25.1.20

Narguilé: 1 hora = 100/200 cigarros! - Alberto Consolaro


Ci
Usuários de narguilé: o momento parece algo místico ou de transe solitário ou em grupo!
O uso do narguilé não é cultural! Vícios, condutas antiéticas, tortura, escravidão, corrupção e outras condutas do mesmo tipo não devem ser atribuídas como cultura de um povo. Cultura trata das artes, tradições, vestimentas, lazer, linguagem, literatura e tudo que caracteriza a sociedade. Atribuir corrupção e roubalheira a um traço cultural é elevar muito o nível de qualificação destes crimes. O mesmo vale para fumar ou beber. Não se deve atribuir os vícios autodestrutivos como atos culturais.
Se você nunca viu um narguilé eu tenho que lhe perguntar: onde você esteve este tempo todo? Nas lojas em shoppings e postos de combustíveis, olhe para baixo e para cima, esquerda e direita: você vai ver um narguilé, também conhecido como cachimbo d’água!

FILTRA?
Ele tem lugar para água do qual sai uma haste ou tubo vertical que no final em cima, tem um recipiente para colocar o tabaco e acendê-lo. As mangueiras, saem do recipiente com água inspirando-se a fumaça que foi “filtrada” pela água: uma grande mentira! A água não filtra a fumaça e os seus malefícios são piores do que cigarro, incluindo câncer de boca, orofaringe e pulmão. O carvão e outros produtos do narguilé, produzem sérias doenças pulmonares e podem levar a morte, como frequentemente é noticiado na mídia.
Um narguilé geralmente tem várias mangueiras para uso simultâneo de famílias e amigos, na praia e no campo. Uma hora de uso do narguilé corresponde ao consumo de 100 a 200 cigarros. Alguns são dourados, outros coloridos, ornamentam lojas e salas, alguns acham chique, mas é muito brega e faz mal! Desculpem-me os usuários.

ORIGEM
O nome narguilé veio do árabe e na Índia e países de língua inglesa chama-se “hookah”. O design varia muito, mas em todos, a fumaça passa pela água antes de chegar ao fumante. Muito tradicional na África, Oriente Médio e Ásia, sua origem remontam épocas da Pérsia e Mesopotâmia, atuais Irã e Iraque. Como era feito de coco, onde se punha a água e, em persa, este fruto chama-se “nārgila”, logo evoluiu para narguilé. Quando chegou na China, foi usado para fumar o ópio.
O tabaco ou a essência deve ser especial para os narguilés: têm melaço, frutas e ou aromatizantes, podendo se acrescentar refrigerantes, vinhos e energéticos. Entre os árabes se usa em grupos e tomando-se café ao mesmo tempo.
A base ou vaso pode ser vidro, metal ou cerâmica ornamentados. A água pode ser substituída por sucos e outras substâncias. A haste vertical ou corpo dá apoio a um “pires” onde se coloca o tabaco e se chama “fornilho”. Por cima do tabaco se colocam pedras de carvão em brasa. A fumaça é levada para a água para as mangueiras até chegar aos usuários pelas pontas ou piteiras descartáveis ou lavadas, mas nem sempre!

ESTRANHO!
Quem vê de fora, parece um rito religioso de seitas em fumacê! Que sejam abençoados, pois protegidos não estão!

Alberto Consolaro - professor
da USP - FOB de Bauru-SP - consolaro@uol.com.br
  



Observatório
ALÍVIO? – Usar maconha não alivia, modera ou de alguma forma melhora ou evita as recaídas dos dependentes de cocaína ou crack no tratamento de recuperação destes pacientes. O trabalho foi publicado na “Drug and Alcohol Dependence” por cientistas brasileiros da USP no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. A pesquisa durou 6 meses e o uso da maconha piorou o quadro clínico, em vez de amenizar como se esperava!   

CHOCADO – Em uma ilha da Antártida do arquipélago Shethland do Sul e que recebe turistas, se identificou a partir de amostras do solo, que havia entre outras coisas, o DNA de uvas, cebola e de Cannabis. Em uma parte da ilha, isolada para os turistas, as amostras do solo não revelaram a presença de tais materiais. Eles podem ter chegado lá pelo vento, cabelos, sapatos e comida! Vale a pena permitir o turismo por lá?

JOÃO CARLOS MARTINS: A FENIX! 
O singular maestro pianista João Carlos Martins se despediu da música pelo defeito nas mãos que teimavam em ficar fechadas. Um designer industrial, Ubiratan Bizarro Costa, fez luvas com molas que abrem e fecham as mãos devolvendo-lhe a habilidade de tocar aos dedos! 

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