Ainda seguindo os passos do professor
Yuval Noah Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, trazemos
aqui algumas preocupações de nossos tempos e do futuro, com relação a tão
propalada igualdade entre as pessoas.
Com a globalização se previa, com a vinda
de novas tecnologias chegar mais cedo neste ideal tão almejado. Embora a
globalização e a internet representem pontes sobre as lacunas e que existem
entre os países, elas ameaçam aumentar a brecha entre as classes, e, bem quando
o gênero humano parece prestes a alcançar unificação global, a espécie em si
mesma pode se dividir em diferentes castas biológicas.
Com a vinda da globalização se esperava
como resultado que pessoas do Brasil, da Índia e no Egito usufruiriam das
mesmas oportunidades e privilégios de pessoas na Finlândia e no Canadá. Isto
não ocorreu.
Certamente a globalização beneficiou
grandes segmentos da humanidade, mas há sinais de uma crescente desigualdade,
entre e dentro das sociedades. Alguns grupos monopolizam cada vez mais os
frutos da globalização, enquanto bilhões de pessoas são deixados para trás.
Hoje, o 1% mais rico é do dono de metade da riqueza do mundo. Ainda mais
alarmante, as cem pessoas mais ricas possuem juntas mais do que os 4 bilhões de
pobres.
Em 2100, os ricos poderiam realmente ser
mais talentosos, mais criativos e mais inteligentes do que os moradores de
favelas. Uma vez aberto o fosso entre habilidades de ricos e pobres, será quase
impossível fechá-lo. Se os ricos utilizarem suas competências superiores para
enriquecer ainda mais, e se dinheiro a mais pode comprar para eles corpos e
cérebros incrementados, com o tempo a brecha vai só aumentar. Em 2100, o 1%
mais rico poderia possuir não apenas a maior parte da riqueza do mundo mas
também a maior parte da beleza, da criatividade e da saúde. A bioengenharia e a
inteligência artificial, associados poderiam resultar na divisão da humanidade
em um pequena classe de super-humanos e uma massiva subclasse de Homo sapiens inúteis.
Quem é dono dos dados?
Se quisermos evitar a concentração de toda
a riqueza de todo o poder nas mãos de uma pequena elite, a chave é regulamentar
a propriedade dos dados. No século 21, os dados vão suplantar tanto a terra
quanto a maquinaria como o ativo mais importante, e a política será o esforço
por controlar o fluxo de dados.
A corrida para obter dados já começou, liderada
por gigantes como Google, Facebook e Tencent. Até agora muitos deles parecem
ter adotado o modelo de negócios dos “mercadores da atenção”. Eles capturam
nossa atenção fornecendo-nos gratuitamente informação, serviços e
entretenimento, e depois revendem nossa atenção aos anunciantes. Seu verdadeiro
negócio não é vender anúncios. Enfim, ao captar nossa atenção, eles conseguem
acumular imensa quantidade de dados sobre nós, o que vale mais do que
qualquer receita de publicidade. Nós não somos clientes – somos seu produto.
Por fim, como regular a propriedade de
dados? Essa talvez seja a questão política mais importante de nossa era. Se não
formos capazes de responder a essa pergunta logo, nosso sistema sociopolítico
pode entrar em colapso.
Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.
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