AGENDA CULTURAL

5.10.20

Expulse o social, ele volta a galope - Renato Janine Ribeiro

 


Pois é. A vitória de Lula em 2002 colocou a inclusão social como pauta principal nas campanhas eleitorais para o Executivo.

Isso, até 2016. O impeachment de Dilma e a campanha incansável contra o PT varreram a questão social para baixo do tapete e a substituíram pelo velho mantra brasileiro, a indignação muito seletiva com a corrupção atribuída a quem defende os mais pobres (ver Getulio Vargas).

Chassez le social, il revient au galop , parodiando um ditado francês: Expulse o social, ele volta a galope.
Não me espantará se voltar às velhas cestas básicas, agora distribuídas por igrejas evangélicas.
É o que estamos vendo. O Centrão, Bolsonaro e quem está perto deles querendo políticas sociais, que aos olhos de Guedes e dos farialimers são uma espécie de pecado mortal, porque atacam o teto de gastos.

Em suma, o homem que o PIB, Moro e a mídia puseram no Planalto, para tirar o PT, quer fazer políticas sociais, mesmo arruinando as esperanças de quem o apoiou.

Isso, claro, porque os pobres votam. E uma ou duas vezes puderam votar movidos pelo show que lhes prodigou a mídia antipetista. Mas agora querem algo mais concreto.
E Bolsonaro quer fazê-las, tenham certeza, muito mal feitas. Ele e sua troupe não têm a menor expertise nesse campo.

Valeu a pena, Faria Lima, PIB, mídia, moristas?

Renato Janine Ribeiro, professor da USP de Filosofia, ex-ministro da Educação e araçatubense.

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