Não, não somos nós, sortudos, comemos bem.
Mas a aqueles que comem nada ou bolinhos de barro. Pele e ossos à mostra, estão lá,
carcomidos, fracos e quebradiços.
A fome corrói todos os caminhos do presente, anula o amanhã.
A fome corrói todos os caminhos do presente, anula o amanhã.
Já senti fome, dormi
em cinemas pulguentos,
ansiei por algo quente descendo pela garganta. Sei dela, um pouco.
É como um precipício que na noite
é dia e no dia é noite.
É olhar pelas janelas e
sentir aromas esquecidos há tempos.
A fome não é só mania,
é fado consumado pelos demônios da terra minha,
é casebre repartido por vários, é álcool barato, o crack da esquina.
A fome não é só mania,
é fado consumado pelos demônios da terra minha,
é casebre repartido por vários, é álcool barato, o crack da esquina.
São os meganhas guardando os
silos de quem tem muito.
A fome é dentes quebrados, gengivas gangrenadas. Enlouquecer com nada.
A fome é dentes quebrados, gengivas gangrenadas. Enlouquecer com nada.
É
ver filhos se derretendo.
É esmurrar a impotência de ser subalterno..
A fome, do arroz e feijão encarecidos para quem tem muito.
É esmurrar a impotência de ser subalterno..
A fome, do arroz e feijão encarecidos para quem tem muito.
Retirados dos pratos para enricar os de
sempre.
A Fome! Saiba, é mais que barriga em ossos,
é eliminar os sonhos que se faziam,
é jogar na vida um viver que não se queria dessa forma.
É criar nos espíritos a submissão como amiga.
A fome!
A Fome! Saiba, é mais que barriga em ossos,
é eliminar os sonhos que se faziam,
é jogar na vida um viver que não se queria dessa forma.
É criar nos espíritos a submissão como amiga.
A fome!
Marcos / setembro-2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário