Tradicionalmente relacionado ao desempenho profissional, o perfeccionismo também pode aparecer em áreas que a gente nem relaciona. É a preocupação excessiva com a aparência, que desde ser impecável, ou a limpeza da casa, que precisa estar sempre brilhando.
O aprendizado de uma nova atividade, como tocar um instrumento ou aprender uma dança, deixa de ser prazeroso diante da cobrança pelo desempenho excepcional. É a dificuldade em tolerar o erro dos filhos, ou a exigência de que no parceiro tenha atitudes de determinado jeito o tempo todo – e assim, até a convivência com aquele que amamos que pode ser motivo de conflito e sofrimento. “cada uma dessas formas de se relacionar como o medo da falha pode aparecer em qualquer situação e tem um custo emocional muito alto. Seja numa ponta a paralisia, deixando de realizar coisas importantes para a própria pessoa ou, na outra, o estresse por refazer incontáveis vezes. Será que o processo precisava mesmo ser tão doloroso?” observa a psicoterapeuta Yara. Quem está na vida com o padrão do perfeccionismo instalado pode acabar operando nos extremos: “Ou fica como eu quero, ou não serve”.
“O estado natural do perfeccionista é a
insatisfação. Que no fundo é dele como ele mesmo. O foco é no que está
faltando, ou no que está errado. É uma falha do ego, baseada no sentimento de insegurança,
rejeição, inferioridade”, observa Elenir Melo, terapeuta reconectiva que
trabalha para unir o ego do paciente à sua essência divina através de leituras
do inconsciente.
Por que falhar é tão terrível. O primeiro
aspecto que precisamos considerar com ouvidos mais disponíveis é que a perfeição
não existe. Escutar isso parece aterrorizante, e a visão fica até meio turva.
Perfeccionistas são tão obcecados e
obstinados que vão continuar achando que a perfeição existe, mesmo que nem nós
mesmos saibamos exatamente como ela é.
A perfeição sobretudo, é uma percepção
particular de cada um. “Porque perfeito é um conceito relativo. Não é absoluto,
é arbitrário, é mutável. Mesmo que
alguém julgue ter alcançado a perfeição, para outra pessoa aquilo pode
não ser tão excelente assim”, diz Yara. Valioso observarmos que não nascemos
perfeccionistas. Não “somos” de jeito ou de outro; estamos. Portanto, é algo
possível de ser transformado.
Você é bom o bastante. Para sermos capazes de viver com mais liberdade e leveza, acolhendo a nossa imperfeição, precisamos deixar de lado “o que as pessoas vão pensar” e começar a crer que já somos bons o bastante, reduzindo as cobranças sobre nós – e sobre os outros – e nos esforçando para enxergar a beleza em quem somos e no que fazemos.
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