AGENDA CULTURAL

18.12.20

Supremo Tribunal Federal praticou "fake news" literária

 

O monumento em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, instalado na altura do Posto 6 da orla de Copacabana

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Não se pode usar textos, frases e poemas postados em qualquer site ou página da internet sem antes verificar bem a autor. Você, caro leitor, pode passar vergonha. Coisas mandadas por Whatsaap, então, é um grande risco. 

Não estou falando de direitos autorais, mas de autoria trocada. Fazer citações sem o devido autor é não dar valor à arte de escrever. Para não ficar sem autoria, ou o poeta é anônimo; ou para valorizar a citação, o internauta diz que é de um autor famoso.

Os escritores brasileiros que são mais vítimas disso são Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade. Já pensou, caro leitor, você dando uma palestra, quando põe na tela o eslaide da citação, alguém grita "não é da Clarice não". Como dizia meu avô: a cara cai no chão.

Foi o que aconteceu com o presidente do STF, Luiz Fux, no final da reunião de hoje (18/12/2020), aniversário da colega Rosa Weber, quando citou um poema de Carlos Drummnd de Andrade, na verdade era do anônimo Paulo Roberto Gaefke, cujo poema está no site dele. 

O poema "Recomeçar" citado por Fux deve ter sido encontrado por algum assessor que resolveu valorizar o texto com o nome de Drummond, assim a entidade que tanto combate notícias falsas, hoje passou uma mentira em todos os nós.

Aliás, não enganou o escritor Pedro Azambuja de Araújo que não deixou a falha esfriar: Escritor, jornalista e blogueiro. E-mail: pedrozambarda@gmail.com  Gritou no seu blog.  

   

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