AGENDA CULTURAL

21.9.21

Ai! O dedo do ministro!

 


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Será que vou ter estômago para escrever sobre o dedo do ministro? Ele não é urologista, mas cardiologista. Ainda bem, porque o dedo do paraibano é grosso. Sem problemas, porque o exame de toque da próstata caiu em desuso.

Dr. Marcelo Queiroga preferiu defender o seu chefe a ficar bem com os brasileiros, porque a dedada se multiplicou pelas mídias afora. 

Eu estava junto com um bolsonarista quando tal cena passou na televisão, e ele gritou: "Ai! O dedo do ministro!". Eu eu respondi-lhe: "Aqui não doeu, pois não votei nessa turma".   

No afã de assumir o papel de pau mandado do Capitão Cloroquina, Queiroga se esqueceu das boas maneiras tão pregadas por sua classe social. Talvez tenha voltado no tempo e se lembrado das arruaças de  de estudante.

As provocações da plebe ignóbil (assim é tratado o povão aos olhos de um demagogo) foram tensas e intensas em Nova York, mas uma autoridade precisa ter nervos de aço. Acenar a cabeça com um sorriso irônico e tocar em frente. Na próxima parada, tomar um uísque para relaxar. 

Seu antecessor, Pazuello, apesar de ter aberto o Ministério da Saúde à corrupção, era um senhor mais fino. Com certeza, daqui para frente, Marcelo Queiroga, será o homem de confiança de Bolsonaro, vai até receitar cloroquina. Senão já o fizera.  

Sem falar sobre a situação da comitiva presidencial que foi tratada em Nova York como párias, comendo em quiosque e na calçada. Não foi por opção, porque dinheiro do povo para gastar com seu cartão corporativo foi muito. Na verdade, a cidade se fechou a um não vacinado que ainda acha ser a terra plana.  

Discursar na ONU foi um jeito de passear, porque em palavras, no seu discurso, Bolsonaro fez também um gesto obsceno, como mostrou na sua charge Renato Aroeira.

E o atual presidente do Brasil não é de religião africana, nem foi encontrado aqui como indígena, é um imigrante europeu: gente fina, homem de bem.     

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