AGENDA CULTURAL

21.9.21

Atrasar sim, fazer esperar não! - Alberto Consolaro

        

Fazer o outro esperar é falta de civilidade e esperar não é saber!

 Atrase o que quiser como pagamento do cartão de crédito, boletos, parcela do financiamento, enfim o que você optar. O que não é justo é fazer os outros esperar por desorganização de sua parte: é uma falta muito primitiva de civilidade!

Algumas pessoas dizem que atrasar é falta de educação, mas não é. Não ofenda a educação por isso! Fazer alguém esperar é bem mais primitivo em uma sociedade organizada que visa o bem de todos. Fazer o outro esperar é falta de CIVILIDADE, quase uma falta de humanidade.

Outros acham que atrasar e fazer os outros esperarem é uma questão cultural! Pelo amor de meus filhinhos – narraria Sílvio Luís! Tenhamos amor à cultura e não a ofendamos. Em uma trajetória ascendente de refinamento evolutivo teríamos: civilidade, educação e cultura!

Precisamos ter coerência: se fizer os outros esperarem pelos seus atrasos, também tem que atrasar os pagamentos dos boletos, parcelas e financiamentos com suas multas e juros! Para não ficar a impressão de que quem atrasa considera o dinheiro muito mais importante dos que os humanos como namorados, cônjuges, alunos, pacientes, enfermeiros, amigos e família.

Quem faz o outro esperar induz sentimentos e energias ruins nas vítimas desta conduta. Elas deixam de admirar o atrasado, duvidam da sua seriedade e até questionam suas relações quanto a empatia, honestidade e humanidade. Se bem que a humanidade anda mesmo atrasada com os princípios mais elementares de civilidade.

 Se considera que tens o direito de fazer os outros esperarem como clientes, pacientes, alunos, funcionários e outros, pelo menos seja coerente e deixe esperando também os chefes, reitores, diretores, executivos, policiais, prefeitos, vereadores e as outras pessoas mais poderosas com quem vai falar! Ninguém tem o direito de fazer o outro esperar, exceto quando uma causa muito justificada e explicitada seja antes apresentada.

APRENDENDO

Em cursos de prática docente na universidade me perguntam como trato com os atrasos persistentes? Onde frequento, procuro informações sobre as atividades e a instituição. Na escola, sei quanto custa cada pessoa para a família ou governo. Graduação, mestrado, doutorado ou especialização, sei quanto custa cada hora que se passa e sempre divido por 4 para saber quanto custa cada 15 minutos.

Quando os atrasados tentam roubar a atenção, com respeito e alegria, digo: Paremos para uma reflexão! Quem sabe quanto custa cada um, por mês, para o estado ou para a família, estarem aqui? E escrevo no quadro o valor de 200 reais por hora! Tiro do bolso duas notas de 100 reais que, de longe, ninguém diz ser cópias! O mesmo faço com uma nota de 50. E afirmo assim: - a cada hora de atraso para começar a aula, cada um de vocês, estará rasgando duas notas de 100 reais e rasgo! Comoção geral. Se for de meia hora, estarão rasgando cada um 100 reais e rasgo de novo. Mas se o atraso da aula for de 15 minutos, rasga-se cada um, uma nota de 50 reais!

 Se termino meia hora mais cedo, estarão rasgando cem reais! O mesmo acontece quando você sai mais cedo do que devia. Agora já sabem quanto custa cada 15 minutos de vocês por aqui! Depois disto, se cobram para não chegarem atrasado e não comemoram mais quando dispensados de uma aula ou quando a aula termina mais cedo! É prejuízo certo!

REFLEXÃO FINAL

Em países civilizados se tem o custo de cada hora em qualquer atividade. Os atrasados dirão: mas fica muito sem graça! Pelo contrário, o tempo jogado fora, se usa fazendo coisas com quem se ama! Se quiser atrasar, faça, mas sem que as outras pessoas te esperem, elas não merecem isto, pois já dizia o poeta popular: “que esperar não é saber”!    

Alberto Consolaro é professor titular da USP
em Bauru - consolaro@uol.com.br

 

 

 

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