Alec Baldwin - Instagram |
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Meus pais diziam que não assistiam aos filmes, nem iam ao cinema, porque tudo aquilo era "de mentira". Nem imaginavam que podia ter alguma verdade no meio, "uma bala perdida".
Nenhuma bala é perdida, toda bala quer matar alguém, não importa quem. Perdida é aquela que não cumpre a sua sina. Também desconfio de pessoas que andam armadas, há alguma má intenção naquele ser armado: tirar a vida de alguém.
Os norte-americanos são tão amantes de armas que conseguem matar com armas de teatro, de mentira. Mas aquela que foi disparada por Alec Baldwin havia uma bala, como se fosse uma roleta russa.
Se fosse no Brasil, teria certeza de que alguém da família Bolsonaro seria suspeito da armadilha, pois adoram armas e mortes.
Ser assassino em enredo de filmes já não é uma grande coisa, imagine ser, sem querer, sem planejar, ser um homicida de verdade. Nem preciso dizer que Alec Baldwin, o ator encarnando o personagem valentão, caiu no choro.
Após o acidente, um tuíte de Baldwin de 2017 viralizou. Na ocasião, o ator perguntou como seria matar alguém por engano ao comentar uma notícia. O sujeito profetizou a sua própria tragédia.
A vítima Halyna Hutchins, 42 anos, ucraniana nos EUA, tinha vocação para as profissões radicais, pois sua formação era mesmo de jornalista investigativa. Ela era a diretora de fotografia do filme Rust.
Ela não foi a primeira vítima. Como os filmes norte-americanos têm como enredo a violência, mais de 40 artistas já morreram com arma de fogo de teatro usada em filmagens. O episódio de Halyna Hutchins tem semelhança com o episódio que marcou a morte do ator Brandon Lee, filho de Bruce Lee, em 1993.
A tragédia ficcional virou realidade. Não sabemos onde começa e termina a ficção. O poeta brasileiro Mário Quintana dizia que a mentira é uma verdade que não deu certo. Aí no caso da filmagem, foi uma mentira que virou verdade.
Cuidado, caro leitor, a vida é traiçoeira.
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