AGENDA CULTURAL

26.10.21

E-cigarros: biomarcadores de câncer na urina - Alberto Consolaro

O e-cigarro parece contemporâneo, mas os malefícios continuam os mesmos!   

A nicotina não fica aderida nos dentes, quem faz isto é o alcatrão.  Fica feio e as vezes são artistas, pessoas públicas e até da área da saúde como médicos e dentistas. O tabaco tem 7 mil produtos químicos, dos quais 69 são comprovados agentes carcinogênicos. O alcatrão também se adere nas mucosas, inclusive nos pulmões, enquanto a nicotina se dissolve na água e saliva. O alcatrão é um conjunto de substâncias com grande quantidade e variedade de agentes carcinogênicos.

No ar existe uma boa quantidade de partículas muito pequenas com menos de 2,5 micrômetros, tais como as produzidas pelos motores de veículos e que penetram em profundidade nos pulmões, com efeitos secundários nefastos respiratórios e cardiovasculares, como faz também o tabaco. Na mucosa da boca e da orofaringe, estes efeitos nefastos também ocorrem.

Fumar está na origem de 85% dos cânceres de pulmão, assim como na formação do câncer de boca, orofaringe e de outras partes. O tabaco tem participação ativa nas doenças cardiovasculares e ainda contem metais pesados como níquel, cromo, arsênico, cádmio, chumbo e polônio associados a muitas outras doenças. Fumar é a principal causa de morte evitável na espécie humana.

CIGARROS ELETRÔNICOS

Somos processadores de alimentos e de outros produtos que entram e são modificados ou usados pelo nosso metabolismo e depois saem pelas secreções. Os malefícios do tabaco já está mais do que comprovado, mas na forma de cigarros eletrônicos ainda as pesquisas são poucas e muito recentes, o que faz algumas pessoas acharem que não fazem tanto mal assim. Ledo engano!

Nesta pandemia, pesquisadores estadunidenses publicaram um trabalho na revista “European Urology Oncology” em que se checou todas as pesquisas com biomarcadores carcinogênicos ligados fortemente ao câncer de bexiga na urina de usuários de cigarro eletrônico ou “e-cigarros”.

Nos usuários dos e-cigarros, os efeitos da exposição ao longo do tempo na bexiga frente a estes biomarcadores oncogênicos são similares ao que ocorre no cigarro comum, também relacionados com este tipo de câncer. São dados muito importantes, pois são 40 milhões de usuários de cigarro eletrônico pelo mundo, movimentando-se US$ 20 bilhões por ano. Temos que saber muito sobre o assunto, pois os interesses econômicos contrários estarão sempre presentes.

REFLEXÃO FINAL

Não deixemos de ser lógicos: todas as formas de tabaco com ou sem fumaça, em pó ou de mascar, inalado ou não pelo narguilé, são carcinogênicas e nefastas para as funções corporais. A questão não é ser brega em fumar e sim, o fato de ser um ato que representa uma exuberante autoagressividade!

Alberto Consolaro é professor titular da USP na FOB de Bauru-SP  consolaro@uol.com.br

  

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