Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Deu-me vontade de
fazer uma resenha pasteurizada, politicamente correta sobre o livro de Gustavo
Alonso, mas mudei de ideia. O autor, professor da Universidade Federal de
Pernambuco, escreveu o livro "Cowboys do Asfalto: Música
Sertaneja e Modernização Brasileira" com 599 páginas, classificado como polêmico. Por
que fazer um texto água morna?
Está certo de que
longe está o velho cronista com suas polêmicas nos seus textos diários quando
cutucava a cidade por inteiro em jornal de papel. Nesta fase da vida, com as
redes sociais, fiquei mais zen. Escrevo e aceito o sujeito escrever a sua
resposta, sem replicar.
Durante a pandemia, o
atual presidente da Academia Araçatubense de Letras, Arnon Gomes, convidou o
professor e escritor Romildo Sant'anna para apresentar on-line aos acadêmicos a
última versão de seu livro "A moda é viola - ensaio do cantar
caipira" (segunda edição ampliada, 2020, 623 páginas).
Sem ler nada e nem
ouvir falar de Gustavo Alonso, fiz uma intervenção na hora dos debates com o
professor Romildo, dizendo que eu considerava a música sertaneja uma evolução
da moda caipira, pois esta tem o seu valor como memória, precisa ser
conservada, mas a realidade brasileira mudou e o homem do campo veio para a
cidade com o êxodo rural, não dá mais para o caipirismo continuar. Até citei um
princípio que corre o folclore ou a arte popular de que se a tradição quiser
continuar, precisa se renovar, se atualizar. Senti que o professor Romildo não
gostou de minha intervenção, mas não quis polemizar.
Se continuar nesse
ritmo, a segunda edição do livro do Gustavo Alonso deverá ter umas 800 páginas.
Caipira escreve pouco, mas os estudiosos sobre o assunto gostam de
impressionar, escrevendo livros volumosos.
Na polêmica fala de
Sérgio Reis, que ia quebrar e arrebentar quem fosse contra o Bolsonaro, o podcast
"Café da Manhã" da Folha de São Paulo entrevistou Gustavo Alonso.
Gostei das posições dele, resolvi comprar o seu livro: "Cowboys do
asfalto", que li por inteiro, onde o autor dá alguns beliscões no Romildo
Sant'anna - rusgas acadêmicas.
Já escrevi sobre o
livro do professor da Unesp-Rio Preto, agora focalizo o outro doutor em música
caipira, cuja tese foi defendida em 2011 na UFF, que foi transformada em livro
em 2015.
Gustavo contou em depoimentos à
imprensa que o interesse em pesquisar este tema surgiu da curiosidade em entender
o fenômeno da música sertaneja no Brasil. Além das pesquisas em
reportagens, arquivos da censura, discos e sebos, Gustavo também entrevistou
cantores, produtores e empresários do gênero.
Outro aspecto importante é que
o professor ainda buscou fazer uma compreensão da música brasileira além
dos gêneros que são sempre contemplados com estudos, como a MPB, tropicália e
samba “Diferente de vários outros livros sobre música brasileira, onde só se
fala sobre um ritmo, falo sobre música sertaneja em diálogo com outros
gêneros”, finalizou.
Gustavo Alves Alonso Ferreira
possui outros livros sobre a música brasileira, como está sempre presente na
imprensa brasileira. O livro pode ser encontrado na Amazon (edição digital),
livrarias e em sebos. A capa do livro tem um jeito bem brega. Gostei de queimar
minhas vistas nele. Valeu a pena.
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