AGENDA CULTURAL

11.2.22

Esqueleto é diferente de osso - Alberto Consolaro

Os ossos estão articulados, secos e mortos, sem as suas partes moles, o que permite conceitualmente afirmar que se trata de um esqueleto!

Quando se fala esqueleto, logo vem a imagem de um conjunto de ossos secos humanos ou de animais, montados em sua disposição normal e unidos com arames e ou com massas plásticas, quase sempre preso a um suporte e mantido em pé para estudos e pesquisas nas escolas e em museus

Os ossos secos e isolados, sem fazer parte de um conjunto articulado e organizado, são apenas peças anatômicas ósseas que ficaram secas com a retirada de suas partes moles. Um monte de ossos secos desorganizados é o que representa uma ossada.

Mas é muito comum alguém olhar a sua própria radiografia e descrever que no seu esqueleto tem uma linha de fratura ou outra coisa qualquer! Só que ninguém vivo tem esqueleto de si mesmo, esqueleto é compostos por restos de ossos mortos, ressecados organizados e pendurados em um suporte para estudo e pesquisa.

É muito comum a confusão ou equívoco, no uso das palavras “esqueleto” e “osso” como sinônimos. Esquelético diz respeito ao esqueleto de um morto, já ósseo significa que tem a ver com o tecido ósseo ou com os ossos que estão nos corpos das pessoas e animais vivos. É por isto que esqueleto é muito associado com fantasmas, múmias, bruxas e etc.

ESQUELETO OU OSSO ?

A origem das palavras e suas raízes históricas esclarece e traz muito conhecimento embutido. No grego, o termo esqueleto foi primeiramente usado para identificar às múmias e significava exclusivamente um corpo ressecado ou seco. A palavra esqueleto no grego significa seco, dissecado ou desidratado e não tinha nada a ver com os ossos.

O primeiro registro em inglês do uso do termo esqueleto para o conjunto organizado de ossos, como se usa hoje, foi resgatado em escritos de 1578. Desde então esqueleto passou a representar um termo coletivo para todos os ossos, um conjunto de ossos secos ou dissecados. Este conjunto de ossos secos também é nominado de ossatura e ossamento.

Muitas vezes, esqueleto se refere a um conjunto de ossos encontrado em uma cova, caverna ou escavação, organizados da forma como a pessoa morreu ou foi enterrada. Conceitualmente é importante ressaltar que são ossos sem suas partes moles e células.

Em minhas aulas e escritos sobre ossos, sempre destaquei a dinâmica e o metabolismo ósseo com sua grande capacidade de se adaptar a cada situação que são submetidos. E para deixar isto mais claro eu apontava para o esqueleto pendurado ou projetado e dizia: - o que forma este esqueleto apontado não são ossos, mas sim restos de ossos, pois as células, vasos e nervos, medula óssea e periósteo foram removidos!

Ainda fazem parte dos “ossos”, mas não do esqueleto, os tendões e ligamentos inseridos diretamente nas corticais, assim como as cartilagens que estão em suas estruturas. Cada um dos 206 ossos humanos em um adulto, deve ser considerado um órgão individualizado.

REFLEXÃO FINAL

Devemos sempre ter cuidado com as expressões e palavras que usamos, tal como aconteceu quando dois amigos se encontraram depois de muito tempo: 

- Que saudade amigo, como você emagreceu muito, está um esqueleto! 

Na verdade, ele disse que o amigo estava morto. Mas, alguém pode justificar que foi uma forma de se expressar ou uma força de expressão! Claro que sim, uma forma de expressão horrível e inoportuna!

 Alberto Consolaro - professor titular
pela USP - consolaro@uol.com.br

 

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