AGENDA CULTURAL

30.5.22

Envelhecer começa aos 22 anos: e agora? - Alberto Consolaro

Todos os dias devemos renovar o cérebro: o órgão central da vida!

É fácil aprender até os 22 anos. O cérebro tem espaços vazios para novas lembranças, emoções e conhecimentos. Depois dos 22, não cabe mais nada e precisamos acordar todos os dias profetizando: hoje é mais um dia que devo desaprender algumas coisas para que possa reaprender outras novas e importantes. Esta postura nos adequa ao tempo que vivemos, à tecnologia e às novas gerações.

Se apegarmos ao antigo, nostálgico e que não tem mais importância real para sua vida, o processo de desaprender tende a ser doloroso e desconfortável, mas ele é necessário. Por isso que velho fica sapato, geladeira, fogão, carro e computador. O humano pode se reeditar a cada dia, como um livro com várias edições.

Depois de cinco anos longe da universidade, os conceitos, materiais, livros, professores, laboratórios, clínicas e a orientação pedagógica da universidade se renovou por completo. Uma informação tem validade prática de cinco anos e depois, fica o valor histórico.

No fim de uma atividade, mantenha os contatos com professores, tutores e monitores, assim como os colegas. Esta rede de relacionamentos pode ser uma de suas fontes de renovação de conceitos, práticas, testes, oportunidades e estilo de vida. Sua rede de contatos, renovada com atividades e eventos, pode lhe deixar muito mais aberto à forma contemporânea de viver. Todos os dias são oportunidades de desaprender e reaprender!

É VELHO?

Situações indicam se é um velho jovem ou jovem velho:

1. Diz com frequência as expressões “no meu tempo”, “quando eu era jovem” e “na minha época”. Pare, o seu tempo é hoje, em que está vivo, falante, pensante e cheio de emoções.

2. Reluta em trocar o celular ou computador pelas “complicações” que você acha que traz! A tecnologia veio para ajudar e nunca complicar. Aprenda dizer não sei, mas quero aprender! Pronto meio caminho andado para saber!

3. Tem repulsa ao novo e nem quer saber como é o novo conceito ou técnica! Se não interessas pelo novo, isto é preocupante. Aceite novos desafios, novas posturas e ouse!

4. Considera os jovens superficiais que não se interessam por coisas que “você” acha importante. Os jovens podem ser diferentes, mas piores do que os de sua época jamais. Acha que já sabe tudo sobre profissão e vida, e que não tem nada mais a aprender. Que o que sabe já está bom! A vida é cheia de surpresas e oportunidades, podes estar se castrando e as pessoas que vivem com você de desfrutá-las!

5. Não gosta de ligações com vídeos, detesta reuniões e aulas on-line e desacredita em tudo que não seja presencial. O mundo virtual veio para melhorar a vida presencial, tente, insista e acredite nisto, revolucione sua postura, você pode se surpreender.

ISTO É CIÊNCIA

1. Não diminuímos o número de neurônios com a idade!

2. Crianças e adolescentes aprendem rapidamente por que não tem que passar pela fase de desaprender e reaprender como os que têm mais de 22 anos. Se praticar o “desaprender e reaprender” você pode ficar mais rápido do que eles!

3. Se usa 100% do cérebro. Esta história que usamos só 10% da sua capacidade foi inventada, não é ciência!  Willian James, um dos fundadores da psicologia nos EUA, ao redor de 1900, achava que “a maioria as pessoas põem em prática apenas uma pequena parte do seu potencial intelectual, mas falou sem pesquisa experimental ou clínica, apenas opinião.  No livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, Lowell Thomas plagiou e escreveu: “nós humanos usamos apenas um décimo das habilidades cerebrais.” Um disse e o outro mudou o dito: isto não é ciência! Não existe qualquer fundamento científico de que usamos apenas 10% do cérebro.

REFLEXÃO FINAL

Se quiser melhorar seu cérebro, aprenda a tirar algo todos os dias, para colocar as coisas novas, pois não cabe tudo nele. A você de 22 ou mais, desapegue do velho e ultrapassado. “Renovar, desaprender e reaprender sempre” é o lema, mesmo que sejas um jovem adolescente! Mudar com naturalidade é o segredo de viver em paz todos os dias. 

Alberto Consolaro  
Professor Titular da USP  
FOB de Bauru
consolaro@uol.com.br  

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