Hélio Consolaro é
professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
Temos a tendência de querer que nosso time de futebol ganhe todas, não perca nenhuma partida. E quando perde, chamamos logo o juiz de ladrão, sem fazer a autocrítica. É o famoso direito de espernear.
Nem
o Var escapa do xingamento. A vitória é uma delícia, a derrota sempre é
amarga. Sujeito que não tem preparo psicológico para perder, só reza repetindo
as palavras do pastor, não lê nada, acha que querer é poder, não suporta a
frustração.
Quando
assisto aos jogos do Palmeiras, não xingo o juiz e nem os jogadores
adversários. Sou excessivamente rigoroso com os jogadores de meu time. Se fizerem
besteira, grito logo:
-
Pede licença para mijar e não volta mais!
Se
erra um chute:
-
Vai fazer um curso de "como chutar bem"! Aqui em Araçatuba tem.
Outro
dia, a Helena me perguntou:
-
E há escola de futebol em Araçatuba?
E
respondo que existe sim, na rua dos Fundadores, antigo clube de campo do
Coríntians de Araçatuba.
Outras
vezes, quando o time vai indo mal mesmo, torcida organizada parte para a
violência, quer bater em jogador de seu time, picha parede da sede do clube.
Quer resolver os problemas na violência, no tiro. Uma selvageria.
Essa
luta do ser humano entre o animal, que mora dentro de cada um de nós, e os
protocolos, a ética, jeito educado de se comportar se chama barbárie &
civilização.
Na
barbárie, palavra que vem de bárbaro, povo não europeu, meio grosseiro, que
invadia o Império Romano em decadência por meio de guerras, que se julgava mais
civilizado. Ou seja, Europa era um continente que tinha mais regras, leis,
código de conduta.
Civilização
vem de civil, que não é militar e nem clerical, ligado ao cidadão, enquadrado
aos bons costumes. Então civilização tem mais regras, não aceita selvageria.
Chamado hoje de politicamente correto. Aprendeu as boas maneiras na escola.
Aqui
no Brasil, a direita era a certinha, andava de terno e gravata, detestava
bagunça, tudo feito nos conformes; a esquerda era mais anarquista, cheia de
vontade para fazer aglomerações, passeatas, atos públicos.
O
ainda presidente Bolsonaro afirma que veio para dar voz à direita,
provavelmente quer dizer ultradireita, porque basta ter bolsonarista raiz no
pedaço para sair confusão e tiros. Já xingaram até bispo em Aparecida. Representa
a barbárie. Há os bolsonaristas nutela, mauricinhos e patricinhas.
Nas
manifestações contra os resultados eleitorais deste ano, em que Jair Bolsonaro
perdeu, os bagunceiros bolsonaristas não querem saber de leis, perderam o jogo
e estão chamando o juiz de ladrão. Manifestam suas frustrações atrapalhando a
vida do país.
Está
muito esquisito: a esquerda quer ordem e progresso, enquanto a ultradireita
bagunça empunhando a bandeira "ordem e progresso". O anarquismo mudou
de lado.
2 comentários:
No pacote nazi- fascista a mentira é a ordem do dia dos milicos e o povão ordinário marcha...
Fica difícil para o povo ,somente a história poderá ou não definir qual é o sujo e qual é o mal lavado. ..
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